Há alguns meses a revista Caros Amigos publicou o seguinte artigo:
Artes belas e judeus contra o sionismo
As duas obras mais belas do mês são justamente as mais caras. Uma é o luxuoso álbum “Roberto Burle Marx – Uma experiência estética, paisagismo e pintura”, publicado pela Repsol e pela Design e Editora Ltda.. Com belíssimas ilustrações de trabalhos paisagísticos e pictóricos, o livro comemora os cem anos de nascimento de Burle Marx. Tem ensaios de Lélia Coelho Frota e Lauro Cavalcanti. As fotos são de Cesar Barreto e há ainda uma entrevista, por Regina Zappa, com Haruyoshi Ono, que está à frente do Escritório Burle Marx desde a morte do mestre, em 1994, sendo assim seu herdeiro.
A outra obra linda e cara é a coleção de DVDs “Aramis Millarch – 30 anos de jornalismo cultural”, lançada pela Petrobrás, RádioCaos e Homem de Ferro. São entrevistas que o falecido jornalista curitibano fez com nomes importantes das artes brasileiras nos anos
1960, 1970 e 1980, em particular na música, teatro, cinema e design. Afinal, ele conviveu com artistas como João Gilberto, Cartola, o percussionista Airto Moreira, o ator Paulo Goulart, Elis Regina e tantos outros.
Mais acessível, mas igualmente encantadora, é a pesquisa da jornalista e professora Maria Luisa Rinaldi Hupfer, “As Rainhas do Rádio – Símbolos da nascente indústria cultural brasileira”. Tendo como pano de fundo o concurso da Rainha do Rádio, realizado a partir de 1937, a autora retrata a trajetória de cantoras como Linda e Dircinha Batista, Marlene, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Ângela Maria, Dóris Monteiro. Porém também reconstrói o nascimento da indústria cultural no País, e seu desenvolvimento pelas emissoras de rádio e gravadoras de discos, além de suas ramificações por revistas e jornais. Tudo isso inserido no quadro mais amplo da ditadura varguista, da Segunda Guerra Mundial e do ufanismo do desenvolvimentismo democrático dos anos 1950. A reconstrução histórica é tão evocativa e emocionante que, não só pelo texto, mas particularmente pelas belíssimas ilustrações, lembra o clima do filme “A Era do Rádio”, do diretor e ator Woody Allen.
Também bonito é o livro “O banquete dos deuses – Conversa sobre a origem e a cultura brasileira”, do filósofo, educador, pesquisador e militante indígena Daniel Munduruku, com ilustrações de Mauricio Negro e Luciano Tasso, editado pela Global. A obra inclui os ensaios “Em busca de uma ancestralidade brasileira – À guisa de introdução”, “Quanto custa ser ‘índio’ no Brasil – As imagens dos povos indígenas no inconsciente e nos livros didáticos”, “O banquete dos deuses – Ou como ser alimento da divindade”, “Esta terra tinha dono – Um pouco da pré-história dos povos indígenas”, entre outros. Como se vê, Munduruku (nome de sua etnia) resgata as riquezas da cultura e da sabedoria indígenas.
Igualmente da Global, saíram dois volumes da coleção “Roteiro da poesia brasileira”, dirigida pela escritora Edla van Steen, “Anos 70”, com seleção e prefácio de Afonso Henriques Neto, e “Anos 2000”, seleção e prefácio de Marco Lucchesi. No total, são quinze volumes, que cobrem desde a Colônia e o arcadismo até os dias atuais. Entre os nomes dos anos 1970, estão Olga Savary, Adélia Prado, Cláudio Mello e Souza, Astrid Cabral, Ruy Espinheira Filho, Waly Salomão, Paulo Leminski, Pedro Paulo de Sena Madureira, Chacal, Alex Polari, Ana Cristina Cesar, Régis Bonvicino. Dos anos 2000, Amador Ribeiro Neto, Ana Rusche, Estrela Ruiz Leminsky, Luís Maffei, e tantos outros.
Além de poesia, temos o romance “O planalto e a estepe”, do angolano Pepetela, publicado pela Leya-Texto Editores. É a comovente história, baseada em fatos reais, do amor entre um jovem angolano e uma jovem mongol, que se apaixonaram em Moscou em 1960 e levaram 35 anos para concretizar sua união, depois de combater preconceitos que supostamente não deveriam existir entre militantes comunistas.
Saindo das belas-artes, nos deparamos com problemas espinhosos do mundo contemporâneo, no livro “Judeus contra judeus – A história da oposição judaica ao sionismo”, do historiador judeu russo radicado no Canadá Yakov Rabkin, publicado pela Editora Acatu. Diz o prefácio de Joseph Agassi, professor no Canadá e em Israel: “O autor se propõe a questionar o mito segundo o qual o Estado de Israel protege todos os judeus e constitui também sua pátria-mãe. Com muita razão, o livro demonstra que esse mito é antijudaico (...). Nesse contexto, a questão vital para os judeus é a seguinte: os interesses de Israel coincidem com os interesses dos judeus da Diáspora ou, pelo contrário, entram em conflito com eles?” Em suma, trata-se de uma obra importante não só para os judeus, mas para todos os interessados nos grandes problemas atuais da humanidade.
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