A revista Carta Capital publicou há poucos meses a seguinte resenha:
O Brasil como Sul dos EUA
O nosso país é visto como extensão do Sul dos Estados Unidos, no livro “O Sul mais distante – O Brasil, os Estados Unidos e o tráfico de escravos africanos”, do historiador americano Gerald Horne, lançado agora no Brasil pela Companhia das Letras, três anos após a edição original, cujo título seria mais bem traduzido por “O Sul mais profundo – Os Estados Unidos, o Brasil e o tráfico escravista africano”. Ao contrário do que sugere o título brasileiro, o foco do livro não é o Brasil, sim os interesses americanos no nosso país, relacionados com o tráfico de escravos. Utilizando centenas de fontes dos cinco continentes, Horne demonstra à exaustão que empresários americanos, na época do tráfico de escravos, tinham um triplo interesse no Brasil: de um lado, o interesse comum entre os donos e traficantes de escravos dos dois países em se contrapor à campanha da Grã-Bretanha pela abolição do tráfico; de outro lado, o interesse comum do Sul dos EUA e do Brasil em se contrapor à campanha do Norte dos EUA pela abolição da própria escravidão; finalmente, o interesse de setores empresariais americanos de colonizar a Amazônia, de preferência a tornando independente do Brasil. Em outras palavras, o Brasil era visto por muitos empresários americanos como uma extensão do Sul escravista dos Estados Unidos, daí o nosso país ser apresentado por Horne como “o Sul mais distante”, ou “o Sul mais profundo”. – RENATO POMPEU
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