25 de fevereiro de 2010

Entre nossos parentes, os fungos


Há tempo a revista Carta Capital me encomendou a seguinte resenha:

Vegetais, bactérias e fungos,nossos parentes

“A anatomia do homem é a chave para a anatomia do primata”, escreveu Marx, querendo defender sua tese de que se deve partir do capitalismo atual para entender os “modos de produção” do passado. Em A grande história da evolução – Na trilha dos nossos ancestrais, edição da Companhia das Letras,o biólogo inglês Richard Dawkins, ateu militante, parte dos seres humanos atuais rumo ao passado dos seres vivos, em que, primeiro, busca o ancestral comum de todos os hominídeos, no “encontro 0”.
Em seguida, no “encontro 1”, nos deparamos com o ancestral comum de homens e chimpanzés; no “encontro 2” está o ancestral comum, de um lado, do ancestral comum de homens e chimpanzés, e, de outro, dos gorilas.. No “encontro 39”, depois de passar pelos ancestrais comuns de todos os animais com os fungos, de todos os animais e fungos com os vegetais, todos os outros seres vivos se reúnem com as eubactérias.
O resultado é uma visão fascinante das origens das espécies, segundo as pesquisas mais recentes (o original é de 2004). Além de a história “ao contrário” tornar muito mais simples entender a evolução, Dawkins escreve bem. Baseou-se na obra de ficção medieval inglesa Os contos da Cantuária, de Chaucer. Pelos “contos dos peregrinos” (espécies destacadas) de Dawkins, ficamos sabendo que os seres humanos perderam os pelos porque se dava preferência, na seleção sexual, aos parceiros que não transmitissem piolhos. Os primatas em geral não tiveram essa chance, porque não usavam o fogo para aquecer-se, não poderiam prescindir dos pelos e têm de se haver com os piolhos até hoje.

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