6 de maio de 2013

A atualidade de Caio Prado Jr.

A seguinte resenha me foi encomendada pela revista Carta Capital: A fortuna crítica de Caio Prado Jr. Finalmente as novíssimas gerações têm a oportunidade de fazer a sua própria reavaliação das teses do grande pensador Caio Prado Jr., um dos três autores maiúsculos que formaram nos anos 1930 a noção que temos do Brasil, ao lado do também paulista Sérgio Buarque de Hollanda e do pernambucano Gilberto Freyre. Pois a Companhia das Letras está reeditando as obras de Prado Jr., como esta “Formação do Brasil contemporâneo”, originalmente publicada em 1942. Durante décadas sua tese sobre o “sentido da colonização” como visando prioritariamente o fornecimento, por meio da produção escravista, de gêneros para o nascente mercado capitalista nos países adiantados, predominou quase absoluta entre os estudiosos brasileiros, enterrando a antiga noção de que teria havido um “feudalismo” no País. A maioria dos leitores atuais, entretanto, só conhece essa obra a partir de revisões críticas formuladas em pesquisas de autores contemporâneos, em duas vertentes. De um lado, sua obra tem sido criticada por ser, supostamente, excessivamente econômica em sua visão da formação do Brasil, desde há um tempo mais estudado sob diferentes aspectos culturais. De outro lado, Prado Jr. se teria baseado mais em fontes governamentais do que em fontes primárias, com o que não pôde perceber nem a relativa pujança dos setores econômicos não-escravistas do Brasil Colônia, nem a importância das relações do Brasil com a África, particularmente por meio do tráfico de escravos. Agora, com a oportunidade de ler tudo o que Prado Jr. escreveu, se pode restabelecer, como já se restabelece entre os acadêmicos mais jovens, a noção de “sentido da colonização”, mesmo porque o País ainda depende fundamentalmente da exportação de produtos primários. Ele próprio chamou a atenção para a necessidade de perceber o “sentido” geral em meio ao “cipoal de incidentes secundários”. A edição, além do mais, é enriquecida com fotos sobre o Brasil tiradas pelo próprio autor, com uma entrevista do historiador Fernando Novais e com um posfácio de Bernardo Ricupero. – RENATO POMPEU

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