30 de setembro de 2013
Capitalismo e escravidão
Resenha encomendada pela revista Carta Capital -
Capitalismo e
escravidão
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O livro de 1944 do intelectual e governante de Trinidad de 1956 até sua morte, Eric Williams (1911-1981), “Capitalismo e escravidão”, agora lançado pela Companhia das Letras, até hoje não foi bem “engolido” nos países anglo-saxões de cultura imbuída pelo chamado espírito do capitalismo, como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Particularmente na Inglaterra, o livro de Williams chama mais a atenção por dar o pesquisador caribenho relevo à necessidade que o capitalismo industrial desenvolvido teve de eliminar a escravidão, para ampliar seu mercado e aperfeiçoar tecnicamente a mão-de-obra. Assim, os intelectuais anglo-saxões se sentem à vontade com essa importância dada à “missão antiescravista” do capitalismo. Não dão assim atenção à outra tese de Williams, a de que os capitais acumulados pelos traficantes e pelos donos de escravos, além dos armadores e construtores dos navios destinados ao tráfico de escravos, foram cruciais para a eclosão do capitalismo tal como o conhecemos. Em outras palavras, o capitalismo surgiu em grande parte por obra da escravidão. O pior é que as duas teses não são, em Williams, petições de princípios. São exaustivamente comprovadas por centenas e centenas de dados empíricos, estatísticas, nomes de empresários. Notemos que o título foi repetido por Fernando Henrique Cardoso num seu livro de 1960, sobre a situação dos negros no Sul do Brasil. Por causa do título, o livro de Cardoso teve muito maior êxito editorial do que a obra, na mesma época, de Octávio Ianni sobre o mesmo tema, “Metamorfoses do escravo”, de valor pelo menos igual, ou talvez superior. Quanto às relações da escravidão com o capitalismo, os jornais e revistas estão cheios de informações sobre o renascimento da escravidão, em moldes perfeitamente capitalistas, no mundo inteiro, do Brasil à Suíça, passando pelos Estados Unidos. – RENATO POMPEU
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