24 de dezembro de 2013
O grande abolicionista era monarquista
Da Carta Capital
-
O mais progressista entre os intelectuais provenientes das elites agrárias do Brasil na segunda metade do século 19, o pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910), também o mais importante entre os abolicionistas, sonhava que o Brasil se tornasse uma monarquia semelhante à britânica, federativa e democrática. Segundo revela em “Minha formação”, obra agora republicada pela Editora 34 (com apresentação de Alfredo Bosi), uma de suas principais influências foi o legendário economista, escritor e jornalista inglês Walter Bagehot (1826-1877), que foi dono e diretor da revista “The Economist” de 1860 até sua morte, e deu as feições que esse prestigioso semanário tem até agora. Nabuco, um dos poucos elementos das elites nacionais de que se pode falar com orgulho de sermos seus compatriotas, começa o livro falando de sua formação política como adulto, seguindo as regras do liberalismo político. Mas de repente começa a falar da colorida infância em meio aos escravos do Engenho Massangana, em páginas evocativas e algo melancólicas, páginas ensolaradas e doces, e em seguida de sua atuação contra o escravismo, o qual na sua visão marcaria ainda o Brasil durante muitas décadas depois da Abolição – o que ainda é correto. Mas permanece ainda a pergunta: por que tantos abolicionistas brancos, como Nabuco, e negros, como André Rebouças, eram monarquistas e se deram mal com a Proclamação da República? – RENATO POMPEU
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário