4 de janeiro de 2014

Um presente para o Santos FC

Do Diário do Comércio de São Paulo - O século do Santos FC - Renato Pompeu - Ao completar um século de vida, o Santos FC ganha um presente precioso, extensivo aos torcedores santistas e a todos os interessados em conhecer mais o futebol brasileiro: o livro “Santos 100 anos – 100 jogos, 100 ídolos”, um belo álbum de luxo, com profusas ilustrações cuidadosamente escolhidas tanto por seu conteúdo informativo como por seu valor estético. O texto é de autoria de dois consagrados jornalistas esportivos, Celso Unzelte, também professor na Faculdade Cásper Líbero, que publicou livros sobre o Corinthians, Palmeiras, Santos e Flamengo, comentarista da ESPN, e Odir Cunha, que ganhou duas vezes o Prêmio Esso de Informação Esportiva, em 1978 e 1979, escritor de vários livros sobre o Santos. É um lançamento da Editora Gutenberg, oficializado pelo Santos FC. Os cem anos do Santos são narrados no livro em blocos de dez em dez anos, na descrição de cem dos mais importantes jogos do Santos, com destaques para cem dos maiores craques que atuaram nessas partidas. Deve-se ressaltar que Pelé não está incluído entre esses cem ídolos, pois recebeu um espaço inteiramente dedicado a ele, como “hors concours”. N a obra se conta que o Santos, antes de ser fundado a 14 de abril de 1912, já tivera um antecessor, também chamado Santos FC, que atuou em 1909 e 1910, mas não foi para a frente, ao contrário de seu glorioso xará. Quando o Santos definitivo foi fundado, o Brasil tinha 24,5 milhões de habitantes, o Estado de São Paulo pouco mais de 3,5 milhões e, a cidade de Santos, 75 mil. No mesmo dia, um domingo, naufragava o “Titanic”, nas águas do Atlântico Norte. Em poucos dias, começariam em Estocolmo, na Suécia, os Jogos da 5.a Olimpíada, em 1912, que consolidaram definitivamente o esporte no imaginário popular da humanidade contemporânea. Convocada por três jovens estudantes e comerciários, a reunião daquele domingo contou com a presença de 39 pessoas, na maioria também jovens estudantes e comerciários, e levou mais de oito horas para, entre sugestões como África FC e Concórdia FC, finalmente escolher o nome de Santos FC, exatamente às 22h33. Passariam mais de dois meses antes do primeiro jogo, a 26 de junho de 1912, o primeiro dos cem jogos registrados no livro, em que o Santos venceu por 2 a 1 um Combinado Santista selecionado especialmente para a ocasião. No entanto, esse foi um jogo-treino; o primeiro jogo oficial do Santos ocorreu contra o Santos Athletic Club, a 15 de setembro de 1912, com vitória também do Santos FC por 3 a 2. Iniciava-se ali a história oficial de mais de 12 mil gols do Santos, o clube que mais marcou gols em toda a história do futebol mundial. O primeiro ídolo do Santos foi o ponta-direita Millon, Adolpho Millon Junior, que em 111 jogos, de 1912 a 1922, marcou 46 gols. Na lista escolhida por Celso Unzelte e Odir Cunha, o segundo grande jogo do Santos inauguraria a sua rivalidade mais famosa, contra o Corinthians, no Campeonato Paulista de 1913: nesse primeiro jogo, o Santos, atuando no Parque Antártica, derrotou o Corinthians por 6 a 3. Também a rivalidade contra o Palmeiras começaria com uma goleada do Santos: 7 a 0 contra o Palestra Itália, em 1915, no Velódromo Paulistano. O livro é assim cheio de histórias interessantes, além de fotos deslumbrantes. Quem foi Urbano Caldeira, que deu o nome ao estádio do clube? Era um catarinense que chegou a Santos, como funcionário da Alfândega, oito meses depois da fundação do clube, foi seu jogador, técnico famoso por ter lançado o chamado Ataque dos Cem Gols (que marcou cem gols em dezesseis jogos no Campeonato Paulista de 1927, com os célebres jogadores Feitiço e Araken Patusca), e dirigente – chegou a vice-presidente – que comandou a construção do estádio, na passagem dos anos 1920 para os anos 1930. A partir daí, se narra a história de glórias do clube brasileiro mais conhecido internacionalmente, cujos pontos altos são a conquista do Campeonato Paulista de 1935, e a fase áurea iniciada ainda antes de Pelé, pois este só começaria a jogar em 1957 e o Santos foi bicampeão paulista em 1955-56 com Formiga, Tite, Zico, Del Vecchio, Pepe, Vasconcelos, todos craques ao nível de Seleção Brasileira. Depois deles e de Pelé vieram Nilton Batata, Juary, Pita, João Paulo, Sérgio Chulapa, Diego, Robinho, Ganso e Neymar, para mencionar só alguns entre dezenas e dezenas de grandes craques. O Santos foi duas vezes campeão mundial de clubes, três vezes campeão da Copa Libertadores, oito vezes campeão brasileiro, cinco vezes campeão do Torneio Rio-São Paulo, dezenove vezes campeão paulista. E o álbum de Cunha e Onzelte está à altura desse histórico de glórias.

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