5 de janeiro de 2014

O sepultamento da "índole pacífica"

O sepultamento da “índole pacífica” - Tão significativo por si só, como pelo fato de reunir pesquisadores de Norte a Sul do Brasil, o livro “Revoltas, motins e revoluções – Homens livres pobres e libertos no Brasil do século XIX”, organizado pela historiadora Monica Duarte Dantas, e com 16 autores de vários Estados, editado pela Capes, enterra de uma vez o cadáver secularmente insepulto do mito da “índole pacífica do povo brasileiro”. Antes mesmo de existir esse povo – pois o povo brasileiro só passou a se constituir após a abolição da escravidão (afinal, ninguém fala em “povo” quando se refere à Grécia antiga, a não ser para referir-se apenas aos homens livres, excluindo-se tanto as mulheres como os escravos) –, já ocorreram revoltas armadas significativas entre as camadas de pessoas livres pobres, inclusive ex-escravos, raramente contempladas pela historiografia tradicional. Além de tratar da “gente ínfima do povo e outras gentes” em revoltas tão conhecidas como a Confederação do Equador, a Cabanagem, a Sabinada e a Guerra dos Farrapos – até aqui mais estudadas no que se refere a seus líderes mais bem situados na sociedade – o livro trata de outros movimentos bem menos conhecidos, como o do Ronco da Abelha ou dos Marimbondos e o da Carne sem Osso, Farinha sem Caroço. Enfim, o povo brasileiro começa cada vez mais a se conhecer a si mesmo. – RENATO POMPEU

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