2 de fevereiro de 2010

A Europa islâmica, melhor do que a Europa cristã?

A seguinte resenha foi recentemente encomendada pela revista Carta Capital:

E se os árabes tivessem vencido?

O mundo teria sido um lugar melhor se, no século 8.o, os árabes tivessem conquistado toda a Europa, e não apenas a Península Ibérica. Isso porque o islamismo tinha dado origem a um modo de vida muito mais progressista do que o europeu herdeiro das ruínas do Império Romano e das invasões dos chamados bárbaros. Mais: a parte da Europa que não foi arabizada se tornou, em relação à islamizada, uma região atrasada economicamente, balcanizada política e militarmente, fratricida, que usou como virtudes para a Reconquista males como a manutenção do feudalismo de uma aristocracia rural hereditária, a intolerância religiosa, o particularismo cultural e étnico, e a guerra permanente. É a tese do historiador americano David Levering Lewis, conhecido por seus trabalhos sobre o antissemitismo na França na passagem do século 19 para o século 20, sobre a resistência da África ao colonialismo europeu, sobre o intelectual e militante negro americano W.E.B. Du Bois, no livro “O Islã e a formação da Europa, de 570 a 1215”, lançado no Brasil pela Amarilys, em tradução de Ana Ban. O título do livro em inglês é “O cadinho de Deus”, sendo o título brasileiro, no original, apenas um subtítulo. A obra merece leitura atenta, nestes tempos em que o Islã como um todo é imediatamente associado ao terrorismo de grupos de indivíduos isolados e em que os intelectuais ocidentais mais avançados têm procurado ver os vários Orientes com um olhar mais isento do que o tradicional olhar de superioridade colonialista. Nisso estão descobrindo que, na maior parte da história, os diferentes Orientes foram um lugar melhor para viver do que a isolada Europa. – RENATO POMPEU

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