11 de fevereiro de 2010

Garganta (não muito) Profunda

A revista Carta Capital há tempo me encomendou a seguinte resenha:

O Garganta Profunda continua obscuro


Este livro “A vida do Garganta Profunda – Revelações sobre o FBI, o caso Watergate e a luta pela própria dignidade em Washington”, lançado pela Record, do advogado John O’Connor e de Mark Felt, dirigente do FBI, a Polícia Federal americana, que foi o informante conhecido como Garganta Profunda e que fez revelações ao jornalista Bob Woodward sobre o famoso caso Watergate, o qual resultou na renúncia do presidente Richard Nixon, pouco acrescenta ao que já se sabe sobre o assunto. Tanto que a única citação da imprensa americana sobre o livro que a editora brasileira julgou conveniente reproduzir na contracapa, do próprio jornal que Felt escolheu para fazer as suas denúncias anônimas, o “Washington Post”, apenas diz: “Este livro mostra por que a família decidiu identificar o Garganta Profunda: orgulho do arriscado trabalho de Mark Felt pela nação americana”. Com efeito, o livro é pouco mais do que uma homenagem a Felt por ter tido a coragem de denunciar o esquema de espionagem privada, com fundos públicos, que o governo Nixon tinha montado para vigiar seus adversários políticos. A precariedade do livro se deve a que Felt era nonagenário e estava senil quando O’Connor, o principal autor da obra, pediu a sua colaboração para uma biografia conjunta. O próprio advogado conta que, por causa das dificuldades em entrevistar Felt, foram utilizados textos anteriores do Garganta Profunda, textos suspeitos porque, num deles, Felt justamente negava ser o Garganta Profunda. Havendo uma inverdade, pode haver outras no material que serviu de base para o livro recém lançado no Brasil.

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