11 de novembro de 2013
Anton, aliás Rushdie
Da Carta Capital
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Joseph Anton, vulgo
Salman Rushdie
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Lançado pela Companhia das Letras no Brasil no último quadrimestre de 2012, simultaneamente a seu lançamento original em inglês, o livro “Joseph Anton, Memórias”, do escritor britânico nascido na Índia Salman Rushdie, 65 anos, relata o período em que ele ficou vivendo na clandestinidade protegido pela Polícia e pelos serviços secretos da Grã-Bretanha. Em 1989, quando tinha 41 anos, logo após o lançamento de seu romance “Versículos satânicos”, em que explora uma velha lenda islâmica, segundo a qual alguns versículos do Alcorão não teriam sido ditados pelo arcanjo Gabriel a Maomé, mas inseridos por Satã, sendo assim pecaminosos e não sagrados, Rushdie foi condenado à morte, acusado de blasfêmia, pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, líder xiita da revolução iraniana. Note-se que, pela tradição xiita, a sentença de um aiatolá, que como todo clérigo muçulmano é muito mais um juiz do que um sacerdote, tem força de lei internacional. Assim Rushdie, para não ser morto por algum xiita, passou nove anos se escondendo, com o nome de Joseph Anton (homenagem aos escritores Joseph Conrad e Anton Tchekhov), mudando de casa em casa sob a proteção de policiais armados. No livro, ele conta como é viver confinado e clandestino, como isso afetou sua vida de família, seu casamento, seu relacionamento com amigos, sua carreira de escritor. O mais interessante é que ele pagou de seu bolso todas as despesas, naturalmente aumentadas grandemente pela clandestinidade, menos a proteção dos policiais. De interesse para leitores que apreciam informar-se sobre as reações humanas em situações extremas, e em particular sobre a luta pela liberdade de expressão. Também interessante é a revelação de que seu sobrenome verdadeiro, Rushdie, é uma invenção de seu pai, um muçulmano indiano não praticante, a partir do nome do grande filósofo do século 12 Ibn Rushd, o nosso conhecido Averrois. – RENATO POMPEU
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