8 de fevereiro de 2014

O legado de Ruth Cardoso

Da Carta Capital - Ruth Cardoso, pela Sabesp e Natura - Num lançamento da Mameluco, editora dirigida pelo historiador e jornalista Jorge Caldeira, está sendo publicada, com patrocínio da Sabesp e da Natura, a “Obra reunida” da antropóloga e cientista política paulista Ruth Cardoso (1930-2008), mulher do ex-presidente da República, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Não se trata da obra completa dessa cientista social dotada de luz própria, bastante respeitada nos meios acadêmicos, enquanto o grande público a conhece mais como tendo criado o Comunidade Solidária, como primeira dama da Nação. Mas estão incluídos textos seus como antropóloga, notadamente sobre a progressiva integração e aculturação dos brasileiros de origem japonesa, e como cientista política, função em que foi uma das primeiras pessoas a perceber a importância dos movimentos sociais em São Paulo e no Brasil. Ela foi a primeira, fora desses movimentos que se desenvolveram como causas e efeitos da decadência do regime militar, a partir dos anos 1970, a perceber sua relevância política, tendo sido também a primeira a perceber, já quando os movimentos nasciam, a possibilidade, concretizada a partir do governo Lula, de sua absorção pela cooptação e pelo clientelismo de políticos e dos governantes. Também preciosos são os textos da organizadora, Teresa Pires do Rio Caldeira, que conta como o tema do doutorado de Ruth Cardoso, os japoneses, não foi escolhido por ela, mas por seu orientador, o antropólogo Egon Schaden – naquele tempo os homens mandavam nas mulheres mais do que hoje –, e do depoimento da também antropóloga e cientista política Eunice Ribeiro Durham. – RENATO POMPEU

3 comentários:

Anônimo disse...

Renatão, você fara falta! A imprensa anda pior que ja foi. Não é mediocre não. Eh péssima.

VS

Anônimo disse...

Descanse em paz, Renato!

Anônimo disse...


Renatão
Pena que sempre foi mais fácil desfrutar de você por escrito do que vivendo sua verve ao vivo. Nos bons tempos de Veja (quando lá, apesar da dureza daquela mina de sal em que se varavam noites, e de tudo que foi a ditadura, os tempos eram bons)recordo de duas belas tiradas suas, entre tantas outras.
Uma, ao ter alta de um dos internamentos: "Nesta redação, o único que tem atestado de sanidade mental sou eu"; outra, ante as críticas de alguns a quem comprava toalhas de renda de plástico: "Estão cumprindo seu papel na revolução; estão movimentando as forças produtivas".