30 de janeiro de 2010

Sexo, drogas... e dinheiro

A seguinte resenha foi há tempo encomendada pelo Diário do Comércio, de São Paulo:

Drogas, sexo e violência, na vida real

O dinheiro pode ajudar a trazer a felicidade, mas, sozinho, mesmo em grandes quantias, não a traz – é o que se pode concluir da biografia de uma jovem carioca da alta classe média que se envolveu com drogas durante grande parte de seus atuais 36 anos de vida. Essa vida real é contada no livro A bela menina do cachorrinho – A história real da jovem que enfrentou um seqüestro e o inferno das drogas, depoimento de Ana Karina de Montreuil à jornalista Carla Mühlhaus, publicado pela Ediouro.
Ana Karina nasceu numa família milionária, em 1972, e passou a infância numa casa em que sempre havia, na geladeira, caviar e champanha francês. Mas a maior parte de sua vida não foi feliz. Seus pais se separaram quando ela tinha dois anos e ela ficou com a mãe. O pai se tornou uma presença esporádica em sua vida; sua mãe, viciada em drogas, por mais que quisesse não conseguia dar atenção à filha. Ana Karina, assim, cresceu sem ter alguém que lhe proporcionasse afeto e também sem ter alguém que lhe impusesse limites – isto é, apesar de levar uma vida de luxo e de freqüentar boas escolas, cresceu infeliz e desregrada.
Ela explica que sentia dor por não se sentir querida e valorizada, e isso a levou a embebedar-se desde os 6 anos de idade, e a drogar-se desde os 12 anos, primeiro com maconha e depois com todo tipo de droga, especialmente cocaína. Envolveu-se ainda na pré-adolescência com traficantes e outros bandidos; aos 14 anos, para fugir ao inferno de sua vida em casa, tramou com um desses bandidos o seu próprio seqüestro, para poder levar uma vida independente da família com sua parte do resgate – mas, para sua surpresa, o resgate de simulado passou a real e ela se viu amarrada e estuprada pelo bandido.
Libertada, passou sem nenhum efeito prático por casas de reeducação e iniciou, aos 15 anos, uma vida de drogas, sexo sem limites e violência. Quanto às drogas, experimentou de tudo, mas seu grande problema era a cocaína e esteve internada em clínicas, pelo que conta, pelo menos 17 vezes, além de ser a rigor membro permanente do NA, os Narcóticos Anônimos, ficando porém durante anos sem conseguir se livrar das drogas, além de continuar a beber em excesso.
Quanto ao sexo, sendo bonita, loura, com um belo corpo, teve dezenas de amantes, entre eles chefões de tráfico de morros no Rio, que subia com desenvoltura, à procura de drogas. Não conseguia, porém, ter sexo com os namorados com os quais tinha mais afinidades e que realmente gostavam dela e não apenas de sua beleza e sensualidade. Quanto à violência, muitos amantes eram agressivos e viviam metidos em brigas, principalmente quando estavam drogados. Ela chegou mesmo a presenciar, no alto do morro, um homicídio em que vários traficantes deram tiros sucessivamente, com o mesmo revólver que passava de mão em mão, num jovem que já estava estirado no chão. Chegaram a lhe pôr o revólver na mão e exigir que ela também atirasse no corpo já em estertores, mas, para sua sorte, segundo conta, o chefão a dispensou do gesto.
Ana Karina viveu uma vida tão desregrada que apresenta como intervalo de “paz” e de “lucidez” uns meses que passou em Londres, “só” bebendo e “só” fumando haxixe. Em meio a tudo isso, teve duas filhas, das quais ficou anos afastada por ser julgada irresponsável demais para cuidar delas, e passou por vários abortos.
Sofreu todo tipo de tratamento, em especial tratamentos medicamentosos, para conseguir se livrar das drogas, sem nenhum resultado mais duradouro, tendo chegado a tomar 15 comprimidos por dia de remédios psiquiátricos. Tentou o suicídio várias vezes. Conta que sempre voltava às drogas, não para sentir algo, mas para deixar de sentir qualquer coisa, em especial deixar de sentir a dor e a culpa por não ser amada nem se valorizar como pessoa, tendo chegado ao círculo vicioso de se drogar para não sentir culpa por... se drogar!
Recuperou-se, segundo conta, por três razões principais: um psiquiatra fez o diagnóstico de que ela não sofria de dependência química, e sim de distúrbio bipolar (ciclos de depressão e euforia), podendo se livrar das drogas se se tratasse do distúrbio bipolar; fez também psicanálise, com o que descobriu que sua infelicidade vinha em grande parte da infância sem afeto e sem limites; se sentiu afinal amada, por um homem que se tornou seu marido, e pelas filhas que reencontrou. Um final feliz para uma história verdadeira.

Renato Pompeu é jornalista e escritor, autor do romance-ensaio O mundo como obra de arte criada pelo Brasil, Editora Casa Amarela.

6 comentários:

Ana Karina de Montreuil disse...

Renato
Adorei seu texto e a forma como você contou em poucas linhas sobre a minha vida.
Mas não pude deixar de rir( de uma forma positiva,relaxa)quando você fala sbre a minha vida sexula.
Loira e bonita?
Imagine uma pessoa que ficava dias sm dormir,que usava drogas e que não comia.
Agora tente imaginar o estado fisico dessa pessoa.
Pois é rs
Gostaria que minha vida sexula tivesse sido tão intensa,certamente teria ido mais divertido do que foi.
OBRIGADA pelo seu texto e fica aqui o convite para você dar uma olhada no meu Blog www.abelameninadocachorrinho.blogspot.com
beijos para você

Renato Pompeu disse...

Prezada Ana Karina, muito obrigado pelas suas observações. Agora escrevi a resenha baseado no próprio livro. Talvez eu não o tenha apresentado de forma correta.
Vou dar uma olhada no seu blog.
Até mais,

Anônimo disse...

Voce seria mais feliz se tivesse se infectado cuidando os doentes de ebola na africa:
vidinha de playboyzinha babaca a que vc teve.

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o Hélder. Ela e muito podre mesmo.

Ana Karina de Montreuil disse...

Engraçado os comentários . Claramente de pessoas que não tiverem tempo ou saco para-se o livro . Tem gente que não possui esse hábito .
Eu respeito todas as críticas menos as de quem não leu .
Ajudar pessoas doentes ?
Bom eu tinha que sakvR a minha pele quem precisava de ajuda era eu . Só damos o que temos
Mais uma vez ter dinheiro parece um crime um defeito .
Enfim ...
Tenho respeito pela minha história assim como por tudo que passei
O que não respeito são pessoas que escrevem e não tem a coragem de se identificar e publicam como
ANÔNIMOS . Eu dei a cara a tapa mas eu sou eu né Rsrsrsrs

djrshark disse...

Ana Karina, é vero - não dê bola pra comentários bestas de anônimo, pois além de não lerem desprezam a coragem dos outros. Inagina-se quão positivas devem ser suas vidas, maturidades e sabedorias...