2 de fevereiro de 2011

O povo brasileiro e o racismo

Como aluno do primeiro ano em 2010 do curso de História do Centro Universitário Claretiano, apresentei o seguinte trabalho:


Renato Ribeiro Pompeu – RA 1052390


História da África - Unidade 2 – Dissertação


Centro Educacional Claretiano

Curso de História – 1.o ano

Polo de São Paulo


2010

UNIDADE 2 – ÁFRICA, AFRICANOS E A ÁFRICA NO BRASIL

Atividade

Na Unidade 2, aprendemos sobre os povos que se desenvolveram na África antes do período colonial com as diversas etnias e seus dialetos. Foi importante observar que a variedade linguística sim¬boliza maneiras próprias de se relacionar com o mundo e repre¬senta uma entre muitas outras possibilidades de vida sobre a face do planeta.© História da África

Entendemos as várias influências dos povos africanos em nossa sociedade e como a presença de Iorubas, Nagôs, Congoleses, Zu¬lus, entre outros, na América Portuguesa contribuiu de maneira singular na formação da cultura brasileira.

Essa participação, entretanto, foi objeto de análises histórica e so¬ciológica que se estabeleceram no Brasil desde o século 19 e que se estenderam por todo o século 20 e até hoje se faz presente no seio das ciências humanas.

Com base nessas informações, elabore uma dissertação entre 30 e 40 linhas sobre os povos africanos e sua influência na formação da cultura brasileira, levando consideração os debates travados por Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Poste a atividade no Por¬tfólio.


DISSERTAÇÃO


Entre as posições extremas de Gilberto Freyre, de que há uma “democracia racial” no País, e de Florestan Fernandes, de que se mantém a segregação contra os negros, condenados a constituírem as camadas inferiores da sociedade brasileira, podemos dizer que os dois têm razão. A afirmação, no noticiário noturno da Globo, da jornalista de televisão Mônica Waldvogel, por ocasião dos 500 anos do chamado Descobrimento do Brasil, a 22 de abril de 2000, de que “aqui a convivência entre as etnias é harmoniosa, mas não é justa”, dá conta das duas vertentes da situação.

Com efeito, embora as atitudes de policiais civis, policiais militares e seguranças privados sejam muito mais agudamente agressivas em relação a “suspeitos” pretos e pardos do que com relação aos brancos, por vezes até chegando ao homicídio, isso mesmo quando os próprios policiais são pretos e pardos, tanto mais quanto mais escura for a cor da pele de cada “suspeito”, se pode dizer, apesar de todas as discriminações mais ou menos veladas, que a convivência entre as etnias no Brasil é em geral menos problemática do que em qualquer outro país.

Na verdade, se pode dizer que o povo brasileiro só começou a se constituir como povo com identidade própria a partir da Abolição da escravidão em 1888. Um povo, afinal, não pode ser constituído, mesmo em parte, de escravos. Pode-se dizer que, até os anos 1930, cada habitante do País se sentia, do ponto de vista cultural, muito mais cearense, ou paulista, ou mineiro, ou gaúcho, ou carioca, etc., do que propriamente “brasileiro”. Foi só então que começou a se constituir a mística de que o povo brasileiro é um povo miscigenado e, a rigor, foi só a partir de 1950 que a identidade como brasileiro passou a prevalecer sobre a identidade como baiano, ou pernambucano, ou amazonense. A lentidão da formação de uma identidade cultural do povo brasileiro seguiu a lentidão da incorporação dos negros à plena nacionalidade e à plena cidadania.

A ligação entre os dois processos – a formação do povo brasileiro e a emancipação cada vez menos parcial dos negros no País – fica ressaltada pelo fato de que grande parte do que a população, mesmo branca, índia ou oriental, considera como seus próprios bens culturais como brasileiros – o samba, o modo de jogar futebol, a feijoada – são na origem bens culturais e comportamentos africanos ou afrobrasileiros.

Não se trata simplesmente de “influências culturais” africanas ou afrobrasileiros, como o uso por brancos, índios e orientais de palavras ou alimentos ou danças de origem africana. Trata-se muito mais de que, não fosse a presença afro, não existiria o povo brasileiro como “povo novo” na acepção do antropólogo Darcy Ribeiro. O povo brasileiro seria mais um povo europeu na América, como o povo branco dos Estados Unidos ou o povo argentino, chamados de “povos transplantados” por Ribeiro, com uma periferia de “povos testemunha”, os índios. A história da formação do povo brasileiro é a história da emancipação dos afrobrasileiros, por isso mesmo a formação do povo brasileiro ainda não está completa.



Referências bibliográficas



FERNANDES, FLORESTAN - A integração do negro na sociedade de classes (o legado da ´´raça branca´´), Globo, São Paulo



FREYRE, GILBERTO - Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, in http://www.scribd.com/doc/7033309/Gilberto-Freyre-Casa-Grande-e-Senzala-PDF, acessado a 17 de maio de 2010



RIBEIRO, DARCY – O processo civilizatório – etapas da evolução sociocultural, 11.a edição, São Paulo, Companhia das Letras, 1998

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