17 de março de 2012

Proteção do ambiente: quem quer renunciar ao que consome?


Eis um trabalho meu do curso de História:
Renato Ribeiro Pompeu
R.A. 1052390


ANTROPOLOGIA,
EDUCAÇÃO E ÉTICA




Centro Educacional Claretiano
Curso de História – 2.o ano
Polo de São Paulo
Curso de Extensão











2011
Diante da crise colossal do capitalismo contemporâneo, combatê-la e superá-la por meio de uma educação mais avançada e de uma ética mais comprometida parece necessário, mas é totalmente insuficiente. As pessoas podem ser educadas, nas escolas e nas famílias, para se interessarem mais em ser alguém do que em ter muitas coisas; podem ser desenvolvidos e divulgados princípios éticos que impliquem a defesa do meio-ambiente. No entanto, mesmo as pessoas mais educadas e mais defensoras de princípios éticos de proteção do meio-ambiente, como Mikhail Gorbatchiov, Leonardo Boff e Mercedes Sosa, signatários da Carta da Terra, o mais importante documento ambiental jamais produzido, não fazem tudo que podem para defender a ecologia. Gorbatchiov construiu para si próprio uma mansão no bairro mais chique de Moscou, onde dispõe de uma enorme parafernália de aparelhos eletroeletrônicos, e dispõe de vários carros, consumindo energia poluidora muito mais do que a média da esmagadora maioria da população mundial. E, se todos fossem produzir livros como Boff e discos como Mercedes, não haveria mais nem florestas, nem ares sem poluição em todo o planeta.
O problema é o seguinte: todos se arrogam direitos que não reconhecem aos outros. Gorbatchiov defende que a humanidade seria extinta se todos poluíssem o planeta na medida do que o fazem os habitantes dos Estados Unidos; no entanto, com sua vida de luxo, polui muito mais do que a média da população americana. Igualmente, Boff critica os que defendem o direito de desmatar, mas ele próprio não se cansa de publicar livros impressos que implicam a derrubada de árvores, quando poderia difundi-los, por exemplo, só na Internet. Se fosse movida exclusivamente por fins artísticos, Mercedes Sosa não teria gravado discos – a indústria fonográfica é altamente poluidora – e sim os teria disponibilizado para todos por meio da Web.
Muitos possuem boa educação ambiental e professam parâmetros éticos contra o consumismo poluidor, mas poucos se dispõem a efetivamente renunciar às suas comodidades em favor do meio ambiente.
Além disso, os pensadores antigos, como Aristóteles, que defendia a escravidão, ou medievais, como Santo Tomás de Aquino, que achava justa a servidão da gleba, ou mesmo modernos como Kant, que não só defendia o capitalismo, como quis proibir os presos de uma cadeia de Königsberg (hoje Kaliningrado) de cantarem em suas celas, pouco nos podem servir de guias para combater e superar a atual crise estrutural do capitalismo em escala planetária. Mesmo Karl Marx nos é de pouca utilidade, porque a esmagadora maioria das pessoas, conforme a história demonstrou, prefere o consumismo capitalista, mesmo quando defendem o meio-ambiente, do que a vida mais frugal e menos livre, individualmente, do socialismo, tal como realmente se concretizou.
Mesmo Cuba, onde o governo se jactava de ter protegido toda a Ilha como um vasto santuário ecológico, sendo suas medidas ambientais muito elogiadas por ecologistas em geral, está partindo agora para uma economia mais livre e mais poluidora. E gerações de cubanos foram educados segundo uma ética rigidamente defensora dos princípios ambientais mais avançados, porém toda essa educação e toda essa ética ameaçam desabar diante da abertura para o consumismo. Assim a educação e a ética, embora necessárias, são totalmente insuficientes se as pessoas não renunciarem às suas liberdades de consumir o que bem entendem.

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