25 de abril de 2013

A ambiguidade de “O duplo”, de Dostoievski

Há algum tempo a revista Carta Capital publicou a seguinte resenha de minha autoria: Com preciosas ilustrações do alemão Alfred Kubin, publicadas originalmente em 1913, a Editora 34 lançou uma caprichada edição da novela “O duplo”, de Fiodor Dostoievski (1821-1881), de 1846, ou seja, do início da carreira do grande escritor russo, duas décadas antes de seus grandes romances. Trata-se do indizível sofrimento de um típico pequeno funcionário público russo, por estar convencido de que alguém está roubando a sua identidade. Embora guarde semelhança, na sua temática, com “O capote” (1842), de Nikolai Gogol (1809-1852), que também trata das humilhações de um pequeno funcionário público, a novela de Dostoievski inova formalmente, pois não fica muito claro se o personagem realmente vivencia ou apenas imagina as situações. Essa ambiguidade seria uma das características de muitas obras do chamado modernismo, mas este só surgiria mais de meio século depois. A edição é enriquecida com um ensaio do tradutor Paulo Bezerra, sobre como essa novela prefigura as dilacerações das almas retratadas nos grandes romances, a partir dos anos 1860, de Dostoievski, e outro ensaio de Samuel Titan Jr., sobre como as edições alemãs enriqueceram plástica e graficamente as obras do mais famoso escritor russo. Se nota um cuidado maior do que o normalmente reservado, nas traduções brasileiras do russo, às transcrições do alfabeto cirílico para o romano, a ponto de os nomes russos serem grafados com acentos segundo as regras vigentes para o português, acentos inexistentes na grafia russa. Por exemplo, Dostoiévski, com acento – RENATO POMPEU

Um comentário:

Glauber Ataide disse...

Dostoievsky é meu autor predileto, sem sombra de dúvida. Este livro, O Duplo, foi inclusive adaptado para o cinema por Bernardo Bertolucci. Publiquei uma pequena nota sobre o filme neste link: http://glauberataide.blogspot.com.br/2012/09/filme-partner-de-bertolucci-e-baseado.html