23 de agosto de 2013
A epopeia do Corinthians, a odisseia do capitalismo
Artigo encomendado pela revista Caros Amigos - Ca 179ideias
Ideias de Botequim
A expedição dos 70 mil e
o desastre do capitalismo
Renato Pompeu
Na maior operação de transferência de civis em tempos de paz de toda a história da humanidade, comparável a “A retirada dos 10 mil”, do grego antigo Xenofonte, 70 mil torcedores corintianos saíram em poucas horas de São Paulo e outras cidades rumo ao Rio de Janeiro, onde “ocuparam” o Maracanã num jogo decisivo contra o Fluminense, em dezembro de 1976. Trinta e cinco anos depois, os jornalistas Igor Ojeda e Tatiana Merlino retraçam essa verdadeira epopeia, no belo álbum, profusamente ilustrado, “A invasão corinthiana – O dia em que a Fiel tomou o Rio de Janeiro para ver seu time no maior estádio do mundo”, publicado pela LF Editorial e pelo Sport Club Corinthians Paulista. De interesse não só para corintianos, mas para todos os apreciadores do futebol.
Partindo do encanto para a decepção, temos “O universo neoliberal em desencanto”, de autoria do economista José Carlos de Assis e do engenheiro químico e físico Francisco Antonio Doria, professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, livro editado pela Civilização Brasileira. O tema são as práticas neoliberais, que “dominaram quase todo o mundo até causarem o maior desastre econômico da história”. Dizem os autores: “Sabemos, por exemplo, que nenhum país, e nenhuma grande corporação, podem ignorar indefinidamente os condicionantes ambientais; sabemos que, provavelmente, não haverá uma guerra para redefinir hegemonias no mundo, porque seria uma guerra nuclear autodestruidora; sabemos que a economia mundial, quando vier a ser normalizada, será pela ação cooperativa das principais nações, provavelmente aquelas reunidas no G-20. Entretanto, não sabemos quando isso ocorrerá”. O mundo está de tal modo desencantado que esses pesquisadores soam um tanto otimistas.
Igualmente da Civilização Brasileira, e sobre o mesmo grandioso assunto, há o livro “A crise da economia global – Mercados financeiros, lutas sociais e novos cenários políticos”, dos pesquisadores italianos Andrea Fumagalli e Sandro Mezzadra, com posfácio de ninguém menos do que o famoso teórico do chamado “Império”, Antonio Negri. Mais do que constatação de fatos, o trabalho de Fumagalli e Mezzadra é uma proposta de ação.
Ainda dentro dessa temática, a Boitempo Editorial lançou “O enigma do capital e as crises do capitalismo”, do geógrafo David Harvey, professor na Universidade da Cidade de Nova York. Ele destrincha, para leigos, os movimentos, descritos pela primeira vez por Karl Marx, segundo os quais a economia capitalista entra inexoravelmente em crises estruturais periódicas, mostrando, principalmente, que a atual crise dos Estados Unidos e Europa está longe de não ter precedentes. Trata-se de uma obra que combina o rigor teórico do pensamento de Marx com o bom-senso característico dos pensadores anglo-saxões. Imperdível para quem quer entender a dimensão dos problemas contemporâneos.
Também foi lançado pela Boitempo Editorial um livro de ensaios de 18 antropólogos e sociólogos, muitos da nova geração, sobre estratégias de sobrevivência de moradores das precárias periferias de São Paulo, o volume “Saídas de emergência”, obra organizada por R. Cabanes, I. Jorges, C. Rizek e V. Telles. Fala-se muito da periferia, mas o livro ajuda a conhecer na carne o seu sofrido cotidiano.
Se diferentes problemas causados pelo capitalismo são assim discutidos por pesquisadores progressistas, temos uma visão conservadora do desastre que acabou sendo o comunismo, no bem documentado volume de 850 páginas intitulado “Ascensão e queda do comunismo”, do professor de Ciência Política e História da Universidade de Oxford, Inglaterra, Archie Brown, publicado pela Record. De todo modo, Brown, que levou 40 anos estudando centenas e centenas de fontes para escrever esse livro, observa que mais de um quinto da população mundial ainda é, atualmente, governada por Partidos Comunistas, na Ásia e na América Latina. Seu trabalho talvez seja o levantamento mais detalhado sobre um movimento que mobilizou centenas de milhões de pessoas durante décadas, até morrer na praia.
Da jornalista brasileira Adriana Carranca, correspondente internacional, temos “O Afeganistão depois do Talibã”, outra publicação da Civilização Brasileira. É um livro-reportagem, fruto de viagens desde 2008, que retrata a vivência de onze pessoas, entre elas “uma herdeira do profeta Maomé, um talibã, um senhor da guerra, uma candidata a presidente e uma dona de casa afegã analfabeta”. A repórter consegue nos fazer sentir na pele o que é viver no Afeganistão.
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