27 de agosto de 2013
A história do PT, antes do mensalão
Artigo encomendado pela revista Caros Amigos -
Ca182ideias
A história do PT, com isenção e
coração, mais outros livros
Renato Pompeu
Já está na segunda edição, revista, o livro “A história do PT”, do historiador Lincoln Secco, publicado pela Ateliê Literal. A dupla formação do autor, historiador profissional muito bem preparado tecnicamente, e militante engajado em causas progressistas, permitiu que ele produzisse um livro ao mesmo tempo isento, muito bem documentado, e apaixonado, com o afã de lutar para melhorar a convivência humana. Fica claro que o PT fez muita coisa para aperfeiçoar a qualidade de vida de setores da população brasileira tradicionalmente deixados à própria sorte, mas também que não é verdade o mito de que o partido tem um passado radical que foi abandonado. Secco mostra que o PT nunca foi tão radical quanto imaginam os que acabaram deixando o partido por seu “aburguesamento”, mas mostra também que o PT não formou novos quadros de envergadura semelhante aos dos seus líderes que combateram o regime militar, extinto há três décadas, quadros já em vias de sair de cena, sem substitutos à altura.
Ainda dentro do universo do PT, temos a obra “Renée France de Carvalho – Uma vida de lutas”, organizada por Marly de Almeida Gomes Vianna, a própria biografada e Ramón Peña Castro e publicada pela Editora Fundação Perseu Abramo, que resgata a vida dessa heroína tanto da Resistência francesa quanto da resistência contra o regime militar brasileiro. Viúva do militante e combatente comunista Apolônio de Carvalho, que lutou contra o reacionarismo no Brasil, na França e na Espanha, Renée France de Carvalho tem luz própria e sua vida é uma das mais belas páginas das lutas progressistas.
Uma outra vertente do progressismo nacional é abordada pelo livro “Guerreiro Ramos e a redenção sociológica – Capitalismo e sociologia no Brasil”, do professor paulista Edison Bariani Junior, publicado pela Editora da Unesp. Tradicionalmente, os acadêmicos de São Paulo são em geral hostis à obra de Guerreiro Ramos, sociólogo militante que foi calado pelo golpe de 1964, atuante no Rio de Janeiro e, particularmente, no Instituto Superior de Estudos Brasileiros-Iseb, por ele ter pregado que a redenção do povo brasileiro passava pela constituição de um capitalismo nacionalmente autônomo e socialmente justo. Bariani Junior, a par de insistir sobre o que considera equívocos de Guerreiro Ramos, resgata a generosidade do projeto desse sociólogo e a profundidade de suas constatações sobre a sociedade brasileira.
Agora que o pensamento de Karl Marx está de novo na ordem do dia, depois de algumas décadas obscurecido pelo fracasso do comunismo estatal e pelo êxito efêmero da euforia neoliberal, uma importante contribuição é o livro “O leitor de Marx”, com textos de Marx escolhidos por um dos mais importantes intelectuais marxistas brasileiros, José Paulo Netto, e editado pela Civilização Brasileira. Não se trata de uma simples vulgarização propagandística do marxismo, como costuma acontecer muitas vezes, mas de uma obra de fôlego, com perto de 500 páginas, o que permite o estudo mais aprofundado das teses de Marx.
Uma discussão preciosa sobre as possibilidades que o Direito abre para os militantes dos movimentos sociais, está na obra “Interpretação do Direito e movimentos sociais”, do professor Celso Fernandes Campilongo, editado pela Campus Jurídico. Ele procura responder a perguntas sobre “como o direito serve ou reage às manifestações sociais? É possível protestar contra a sociedade da qual fazemos parte? E protestar contra a sociedade valendo-se do seu direito? Como interpretar a utilização que os movimentos sociais fazem do direito?”
A penosa constituição do conceito e da prática da cidadania na sociedade brasileira, mais especificamente durante o período imperial, é o tema do trabalho “Perspectivas da cidadania no Brasil Império”, organizado pelos renomados historiadores José Murilo de Carvalho e Adriana Pereira Campos, em edição da Civilização Brasileira patrocinada pela Faperj e pelo CNPq. Desfilam em mais de 500 páginas problemas seculares do País, muitos deles de raízes no período colonial e que se mantêm ainda hoje, tornados mais visíveis por sua inserção no contexto do Império.
No livro “Música e universidade na cidade de São Paulo – Do samba de Vanzolini à Vanguarda Paulista”, publicado pela Editora Unesp, a professora Sonia Alem Marrach discute os trabalhos e as visões de paulistanos importantes na música e na academia, Paulo Vanzolini, Arrigo Barnabé, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski.
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