16 de agosto de 2013
O jornal "Movimento" e o PCdoB
Artigo para a revista Caros Amigos - Ca178ideias
Ideias de botequim
As relações do jornal “Movimento”
com o PC do B, a grande atração
Renato Pompeu
Dos consagrados jornalistas Carlos Azevedo, Marina Amaral e Natalia Viana, todos antigos colaboradores da “Caros Amigos”, temos uma obra histórica sobre a resistência ao regime militar: “Jornal Movimento, uma reportagem”, pela Manifesto Editora. Num livro de grande formato e capa dura, muito bem ilustrado, temos um completo levantamento da luta heroica, nos anos 1970, do semanário “Movimento”, uma prova viva de que era perfeitamente possível publicar legalmente, mesmo sob censura, notícias não de interesse do regime militar. A grande mídia da época, praticamente, não publicava notícias, mesmo não proibidas, que pusessem em xeque o regime militar ou revelassem suas mazelas. O jornal “Movimento” introduziu ao público leitor informações, por exemplo, sobre os movimentos sociais, e teve de pagar um preço alto por isso: meios da repressão chegaram até a incendiar bancas que insistiam em vender o semanário. Uma atração especial para os leitores e leitoras progressistas: é apresentada uma interpretação histórica exaustiva das relações da equipe do semanário com o PC do B, pondo fim a especulações sobre o assunto. Se você quiser saber mais, leia o livro!
Outro lançamento importante é a “Gramática pedagógica do português brasileiro”, do linguista Marcos Bagno, pela Parábola. Basicamente, você vai aprender que você fala certo, não fala errado. Todo mundo fala “Eu adoro ela” e todo mundo anuncia “Aluga-se casas” e isso não só faz parte da norma culta do português falado no Brasil como na verdade é abonado secularmente por grandes escritores de nossa língua. Num campo tão cheio de teias de aranha como é a gramática tradicional, baseada no português de Portugal tal como era escrito em meados do século 19, o trabalho de Bagno é literalmente, não uma lufada, mas um furacão de ar fresco. Particularmente a colocação dos pronomes é vítima dessa gramática mais do que rançosa que Bagno em boa hora resolveu combater. A fúria dos gramaticoides contra expressões correntes e consagradas como “Se sabe disso muito bem” é tão grande que até mesmo os avisos sobre elevadores dizem para verificar “se o mesmo encontra-se neste andar”, quando até em Portugal nesse caso se diz – e se escreve! – “se o mesmo se encontra neste andar”.
Você quer conhecer ao vivo como é a vida numa comunidade quilombola? Pois procure o livro “Kalunga”, de Custódia Wolney, lançado pela Ícone Editora. Diz a apresentação: “Uma mulher, uma história, uma vida. O retrato da origem de um povo e o valor de sua cultura. A luta da comunidade Kalunga, remanescente de quilombos, sendo contada no espelho da experiência vivida por uma personagem que resgata a cultura, as tradições e a religiosidade, onde o sagrado e o profano convivem harmoniosamente.”
Agora, mudando de assunto, Paulo Freire foi, sem dúvida, o educador mais respeitado de sua geração em todo o mundo. Infelizmente, jamais seus métodos educativos foram aplicados na íntegra, coerentemente e, acima de tudo, jamais foram aplicados de modo persistente. Isso porque mesmo as instituições mais progressistas acabam se assustando com o caráter libertador e autonomizador desses métodos. Afinal, autoridades não gostam de formar pessoas que contestam... o autoritarismo!!! Tudo isso para assinalar o lançamento de “Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire”, de Venício A. de Lima, livro publicado pela Editora da UnB em coedição com a Editora Fundação Perseu Abramo.
E será que o que as esquerdas estão dizendo hoje do governo petista, da crise estrutural do capitalismo, das possibilidades de avanços das forças populares, da possibilidade de conflitos armados internacionais de grande envergadura – será que tudo isso está sintonizado com a realidade dos fatos? É o que ocorre perguntar a partir da publicação de “A esquerda e o golpe de 64”, publicação da Expressão Popular, de autoria de Dênis de Moraes, professor da Universidade Federal Fluminense, detentor do Prêmio Internacional de Ensaio na Contracorrente, outorgado em 2010 pelo Ministério da Cultura de Cuba. Diz a apresentação, do pensador marxista José Paulo Netto: “O seu objeto é o elenco de concepções, táticas e projeções (e, sobretudo, de ilusões e equívocos) com que os diferentes setores da esquerda brasileira se movimentaram especialmente sob o governo João Goulart, derrubado a 1.o de abril de 1964”. O posfácio do cientista político René Armand Dreifuss assinala: “Trata-se de (...) confrontar o ilusionismo do verbo com o realismo da força social, preparada pela organização política e o esclarecimento conscientizador que predispõe para a ação responsável da população”. Exatamente, digamos, o que não foi feito na época – e será que está sendo feito agora?
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