8 de agosto de 2013
O Novo Testamento e o dinheiro
Trabalho de História -
O que mais me impressionou, em todos os Atos dos Apóstolos, foi o episódio de Ananias e sua mulher Safira, relatado em Atos 5, 1-11. Próspero, o casal Ananias e Safira se converte ao cristianismo e declara que está entregando todos os seus bens à nova comunidade. Entretanto, Ananias e Safira, cada um de seu lado, retêm clandestinamente, como propriedade pessoal, parte desses bens. Por essa razão, são, em separado, primeiro Ananias e depois Safira, admoestados por Pedro, ao fim do que caem mortos, fulminados. O texto deixa bem claro que o poder que matou o casal não é o de Pedro, embora se tenha manifestado através dele, e sim provém de Deus.
Ou seja, o episódio, aparentemente, foi incluído em Atos para instar as pessoas a entregarem todos os seus bens, e não apenas parte deles, para a Igreja, ou, segundo se pode dizer que acreditavam os cristãos da época, para o Reino de Deus sobre a Terra. Aqui podemos especular o seguinte: supondo-se que todos os cristãos entregassem os seus bens à comunidade e os partilhassem em igualdade de condições, segundo a pregação de então, aconteceria que os ricos como Ananias e Safira entregariam à comunidade muito mais bens do que os pobres como Pedro e os demais apóstolos. Assim, se o total dos bens fosse partilhado em condições de igualdade, os ricos como Ananias e Safira viveriam mais pobremente do que viviam antes de sua conversão e os pobres como Pedro e os demais apóstolos subiriam de nível de vida em relação ao que lhes correspondia antes.
Mais ainda, a história narrada em Atos 5, 1-11, servia como advertência a todos os ricos de que, se não entregassem todos os seus bens à comunidade, melhorando assim o padrão de vida dos mais pobres, como Pedro e os demais apóstolos, poderiam morrer de forma fulminante. Em outras palavras, os fiéis comuns deveriam outorgar todos os seus bens à comunidade e com isso sustentariam uma camada de fiéis especiais, os apóstolos ou sacerdotes, que passavam a gozar de um nível de vida mais alto do que o de que gozavam antes. Isso se manteve sob outras formas durante dois milênios, sendo algumas dessas outras formas o dízimo e a venda de indulgências. Assim se explica o mistério de a casta sacerdotal não ter nenhum bem em nome próprio (fazem voto de pobreza) e de os sacerdotes viverem bem comodamente, no Reino de Deus entrevisto nessa história de Ananias e Safira.
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