25 de novembro de 2013
Como interessar alunos no estudo de História
I – Nome do projeto – TENTATIVA DE INTERESSAR MAIS ALUNOS DA REDE PÚBLICA NO ESTUDO DA HISTÓRIA
II – Introdução
O projeto Tentativa de Interessar Mais Alunos da Rede Pública no Estudo da História será desenvolvido na EE Dr. Murtinho Nobre, no bairro da Vila Monumento, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Este projeto atenderá os alunos do 2.o e do 3.o anos do ensino médio, e será ministrado em 10 aulas, totalizando 57 horas (desde a apresentação do projeto até a avaliação do trabalho dos alunos).
A observação durante o estágio supervisionado e as declarações do professor responsável indicaram que 90 por cento dos alunos de História do ensino médio da Escola simplesmente não se interessam pelo estudo dessa disciplina. Segundo o professor, apenas 10 por cento dos alunos realmente acompanham de modo adequado as aulas e fazem com correção os trabalhos exigidos. Por coincidência ou não, a observação indicou que, embora os alunos pardos constituam a grande maioria das classes, oriundos de famílias pobres que prestam serviços às famílias mais prósperas do bairro, famílias mais prósperas estas que enviam seus filhos para o ensino privado, notadamente para o vizinho Colégio Rainha dos Apóstolos, o 10 por cento apontado como interessado no curso é composto em sua maioria de alunas brancas.
Foi estabelecida a hipótese de que os alunos pardos e os poucos alunos pretos parecem não se interessar por uma História do Brasil e do Mundo ensinada a partir da visão dos brancos de origem europeia, pois o professor não toca nem na cultura afro-brasileira, nem na cultura indígena, e eles não se sentem parte dessa História – não veem ligação entre suas vidas e essa História. Por isso se tentará fazer com que eles procurem pesquisar a história de suas próprias famílias, a história de seu bairro e dos prédios mais importantes que ali existem, a história profissional de seus pais e de seus ancestrais, a história das migrações de suas famílias, a história de suas Igrejas, a história dos times de futebol para que torcem. Em seguida, a partir dessas próprias histórias, o estagiário tentará, em aulas para os alunos, explicar como a vida deles e de suas famílias está entrelaçada com a História do Brasil e do Mundo.
III – Objetivos Gerais
O objetivo mais geral é, justamente, tentar interessar mais esses alunos no estudo da História.
Possibilitar aos alunos uma ocasião de conhecerem mais a fundo as histórias de suas famílias e de seu bairro e assim reforçarem as ligações familiares e de vizinhança.
Proporcionar aos alunos oportunidade de aumentarem sua autoestima, seu autoconceito e sua autoconsciência, por meio da explanação de que suas famílias vivem do trabalho digno e, apesar de condições difíceis, contribuíram decisivamente para o progresso do País.
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IV – Objetivo Especifico
Desenvolver o gosto e o interesse pela pesquisa
Proporcionar oportunidades de se expressar em público, por meio de discussões coletivas sobre os vários trabalhos.
Garantir condições de todos e cada um intensificarem o respeito mútuo e a consideração uns pelos outros.
V – Metas
Verificar se se reforça ou não a hipótese de que 90 por cento dos alunos não se interessa pelo estudo da História porque sentem que essa História que é normalmente ensinada na rede pública não lhes diz respeito.
Contribuir para tornar os alunos conscientes de que sua história pessoal e a história de suas famílias e de suas Igrejas são tão importantes quanto a História do Brasil e do Mundo.
Contribuir para tornar os alunos orgulhosos de sua própria cultura, por meio da demonstração da importância da cultura afro-brasileira e da cultura indígena.
O respeito e o carinho que serão dados à história dos alunos e de suas famílias e Igrejas certamente os ajudarão a se tornar conscientes de sua própria importância como cidadãos dotados de direitos e deveres, como qualquer outro cidadão.
Finalmente, se verificará se tudo isso converge para um interesse maior pela História por parte dos alunos.
VI – Justificativa
O desinteresse pela História pelos alunos do ensino médio da EE Dr. Murtinho Nobre é fato notório, constatado a partir não só de informações do próprio professor, segundo o qual apenas 10 por cento dos alunos, em especial meninas, se interessa em aprender, como também da observação das aulas durante o estágio, durante as quais a maioria dos alunos visivelmente não presta atenção. A hipótese proposta pelo Projeto Social é de que um dos fatores envolvidos nessa situação é o sentimento de “não-pertença” dos alunos em relação à História do Brasil e do Mundo tal como é ensinada na escola. Esse ensino, pelo que se pôde observar, transmite uma visão eurocêntrica e uma visão “lusotriunfalista” dessas Histórias. Os alunos descendentes de africanos, pardos, que constituem a maioria das classes, e os pretos não se identificariam com esse eurocentrismo e com esse “lusotriunfalismo”. É preciso estimular o sentimento de pertença dos alunos aos sentidos da História, e para isso se propõe que cada um deles pesquise a própria história de suas famílias e dos lugares por onde cada família passou, em especial o bairro em que moram atualmente. Trata-se de mobilizar o universo cultural da chamada periferia, ou da população carente, para que cada um se possa inserir em diferentes correntes da História.
VII - Metodologia
Se fará uma explanação inicial na primeira aula conclamando os alunos a pesquisarem, estudarem, registrarem e descreverem a história de suas famílias e dos lugares por onde cada família passou em suas migrações, de suas profissões, dos bairros em que moraram e moram, dos prédios mais importantes desses bairros, das Igrejas que frequentam, tanto como instituições como na qualidade de prédios, e mesmo dos times de futebol para que torcem.
Nas sete aulas seguintes se ficará atendendo individualmente os alunos que tenham dúvidas ou dificuldades em seus trabalhos de pesquisa e de elaboração, sempre se procurando assinalar como cada episódio se encaixa na grande História do Brasil e do mundo.
Nas duas aulas finais, se fará um balanço de toda a experiência.
VIII – Cronograma
DIA MÊS ATIVIDADE TOTAL DE HORAS
10 Março Pesquisa bibliográfica 4
12 Março Elaboração do projeto 4
17 Março Cadastramento dos alunos 4
19 Março Confecção dos materiais pedagógicos 4
24 Março Confecção dos materiais pedagógicos 4
26 Março 1ª aula: apresentação do projeto aos alunos e
atividades de apresentação da turma 4
31 Março 2ª aula: atendimento individual aos alunos para acompanhamento dos trabalhos de pesquisa e inserção de seus resultados na História do Brasil e do Mundo.4
02 Abril 3ª aula: idem 4
07 Abril 4ª aula: idem 4
09 Abril 5ª aula: idem 4
14 Abril 6ª aula: idem 4
16 Abril 7ª aula: idem 4
23 Abril 8ª aula: idem 4
28 Abril 9ª aula: Discussão coletiva dos resultados gerais da pesquisa de todos e inserção das descobertas na História do Brasil e do mundo.4
30 Abril 10ª aula: Idem e balanço final1
----- ------- Total 57
IX – Recursos Materiais
Serão usados os seguintes recursos:
Fitas de vídeos pedagógicos e TV;
Mapas e atlas geográficos e históricos;
Diapositivos, fotos e ilustrações sobre os períodos cobertos da História do Brasil e do mundo
Aparelho de som, CDs e teclado e
Livros para o desenvolvimento do canto.
X – Avaliação
A avaliação será feita de modo qualitativo e contínuo, procurando observar o
empenho no trabalho de pesquisa e a compreensão da inserção de seus resultados no desenvolvimento da História do Brasil e do mundo.
XI – Bibliografia
Nação Mestiça, Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro, in http://nacaomestica.org/, acessado ao longo de 2012
LEWIS, Isaac Warden, “Cotas para negros e a luta de classes na sociedade brasileira”, in http://dialogica.ufam.edu.br/PDF/no3/Isaac_COTAS_PARA_NEGROS_E_A_LUTA_DE_CLASSES.pdf, acessado ao longo de 2012
PASSOS, Joana Célia dos, “A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL NO BRASIL”, in http://www.ufpe.br/cead/estudosepesquisa/textos/joana_celia2.pdf, acessado ao longo de 2012
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