26 de abril de 2013

História da Avenida Paulista

O Diário do Comércio de São Paulo publicou há algum tempo a seguinte resenha: A avenida Paulista, 120 anos de história Renato Pompeu A nossa querida Avenida Paulista completou 120 anos de idade em dezembro do ano passado, mas só agora surgiu a oportunidade de falar do álbum de luxo que comemorou a data. Trata-se de “Avenida Paulista – 120 anos de história – 120 Years of History”, com belíssimas fotos de época e contemporâneas, em encorpado papel couché e em grande formato, publicação da Editora Brasileira de Arte e Cultura e da Associação Paulista Viva. Se as dezenas de fotografias ocupam a maior parte das páginas do grande álbum, não menos encantador é o texto do jornalista e escritor paulistano nascido na Itália, Angelo Iacocca, que conta a história dessa via. Tudo começou por volta de 1885, isto é, seis anos antes da inauguração da avenida. Então começaram a ser instaladas as primeiras indústrias na cidade, que, necessitadas de mão de obra, passaram a receber, tanto do Interior como de fora do País, trabalhadores, na maioria europeus. A cidade, que então tinha 50 mil habitantes, em apenas três anos cresceu aceleradamente e, em 1888, atingiu 65 mil habitantes. Isso representou uma grande carga sobre os recursos urbanos de então. Acontece que esses trabalhadores fixaram residência na região central da cidade, transformando as antigas casas de taipa em cortiços insalubres. As epidemias se sucediam. Logo após a proclamação da República, em 1889, foi iniciada uma primeira campanha governamental de saneamento, com a derrubada das velhas casas do chamado Triângulo, entre as Ruas Direita, São Bento e Quinze de Novembro, perto da Praça da Sé. As ruas do Triângulo, até então estreitas e tortuosas, cheias de carroças e outros veículos a tração animal, foram retificadas e receberam as primeiras calçadas da cidade. Ali se edificaram prédios comerciais de estilo europeu, abrigando lojas de todo tipo, restaurantes, confeitarias, mercearias, farmácias, consultórios médicos e dentários, escritórios de advocacia e de contabilidade. Foi a primeira região de São Paulo dotada de encanamento de águas e esgotos. Mas essa primeira campanha de saneamento apenas deslocou os problemas de saúde pública. Pois os trabalhadores expulsos do Triângulo se instalaram, em condições semelhantes de insalubridade, em Santa Ifigênia, Bexiga, Brás, Cambuci, Liberdade, Bom Retiro e Barra Funda, todos mais ou menos próximos do Centro (atual Centro Histórico). Loteamentos de classe média foram surgindo em Santa Cecília, Vila Buarque, Consolação e Campos Elíseos. O adensamento da população nessas novas regiões, mal dotadas então de serviços públicos, implicou a necessidade de um novo plano de saneamento, e também de um plano de reformulação urbana. As autoridades passaram a estimular a instauração de moradias populares em bairros mais distantes, com as casas se concentrando em torno das paradas dos trens. Para as classes mais ricas, foram lançados, pela iniciativa privada, loteamentos nas chamadas “terras altas”, consideradas de maior salubridade. Assim surgiu, por exemplo, o bairro de Higienópolis, de nome significativo; se ampliaram as redes de água e de esgoto e de iluminação pública. Um dos pontos que chamava a atenção dos investidores imobiliários era o Espigão Central, então conhecido como o Alto do Caaguaçu (“mato grande”, em tupi), o divisor de águas entre os Rios Pinheiros e do Tietê. Seu ponto mais alto atingia 847 metros acima do nível do mar; as encostas eram cobertas pela então exuberante Mata Atlântica e, no alto, boiadas rumavam, pelo precário Caminho da Real Grandeza, para o matadouro da Vila Mariana. As boiadas vinham de Santo Amaro (pela atual Avenida Brigadeiro Luís Antônio), ou de Sorocaba (pela atual Rua da Consolação). Foi então que o ousado empresário uruguaio radicado em São Paulo, Joaquim Eugênio de Lima, percebendo o potencial do Espigão, formou uma sociedade de investidores que comprou as terras do Alto do Caaguaçu e ali iniciou, em janeiro de 1890, dois meses após a Proclamação da República, a pavimentação de uma via segundo o modelo então em voga nas reestruturações urbanas das principais cidades europeias. A primeira avenida da cidade teria 2.800 metros de comprimento e inéditos 28 metros de largura. A inauguração ocorreria quase exatos dois anos depois, em dezembro de 1891. Foram sugeridos os nomes Avenida das Acácias e Avenida do Prado de São Paulo, mas a preferência era pelo nome Avenida Joaquim Eugênio de Lima. Este, porém, se opôs e declarou: “Será então Paulista, em homenagem aos paulistas”. Estava inaugurada a Avenida Paulista, que, por ser distante, em seus inícios, da área mais urbanizada da cidade, abrigou primeiro chácaras de fim-de-semana dos barões do café que moravam no hoje Centro Histórico. Com o passar dos anos, ali foram se instalando, além de barões do café, também grandes industriais e grandes comerciantes de recente origem europeia ou do Oriente Médio. A primeira residência propriamente dita, de 1895, era de Adam von Bülow, fundador da Cia. Antarctica Paulista, hoje incorporada à Ambev. A partir de 1950 os casarões de grandes áreas ajardinadas foram cedendo espaço para os atuais arranha-céus e a Paulista se tornou o centro nervoso, empresarial e cultural que é hoje.

Nenhum comentário: