7 de abril de 2013

Tributo a um amigo, por Costabile Nicoletta

Tributo a mais um amigo que se foi Não sei bem por quê, Edilson Coelho e eu sempre nos cumprimentávamos como dois compadres de origem hispânica. Num portunhol castiço, um invariavelmente se dirigia ao outro com um “Hey, hombre!”, o que resumia nosso vasto vocabulário espanhol. Estudamos jornalismo na mesma faculdade, demos os primeiros passos na profissão na Editora Abril (ele no paste-up, eu na revisão de textos), em meados dos anos 1980, mas trabalhamos juntos pela primeira vez na Gazeta Mercantil, lá por 1990. Depois nos reencontramos no Estadão, onde produzimos muitas matérias de negócios em dobradinha por vários anos. No Estadão, decidimos fazer um curso de inglês para aprimorar o conhecimento do idioma britânico, tão profundo quanto o nosso “Hey, hombre!”. Cley Scholz nos acompanhava nessa empreitada. Depois de alguns meses de aula, nossa personal teacher nos abandonou. Teve síndrome do pânico. As más línguas asseguravam tratar-se de um problema causado por nossa dificuldade de cognição linguística, até mesmo com a conjugação do verbo to be. Didi tinha uma notável capacidade de trabalho, bom humor para desempenhar as tarefas profissionais e pleno comprometimento com os projetos de que participava. Em nossa segunda fase na Gazeta Mercantil (2007 a 2009), coordenou a melhor cobertura feita pelos jornais acerca do apagão de transmissão de dados provocado pela Telefônica, que cunhamos com a seguinte manchete: “O dia em que a internet de São Paulo ficou por um fio”. Como costuma dizer o Jaime Soares de Assis, foi como ordenhar monólito (nome científico para “tirar leite de pedra”). Didi conseguiu entusiasmar aquela equipe de repórteres mal pagos, obrigados a trabalhar sem quase nenhuma estrutura nem reconhecimento por esforço algum. Nos últimos tempos, recuperava-se de sérios problemas de saúde, porém nunca deixou de lado sua veia empreendedora, tampouco a preocupação com os amigos, sobretudo os que também passavam por algum tipo de dificuldade profissional. Quando parecia que as coisas para o Didi começavam a melhorar, somos surpreendidos com sua partida. Vai reencontrar-se com Ariverson Feltrin e João Bittar, também saudosos amigos que se foram precocemente. “Adios, hombre!”

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