10 de setembro de 2013
A história do marxismo na América Latina
Artigo encomendado pela revista Caros Amigos - Ca188ideias
Livros importantes,
realmente importantes
Renato Pompeu
Um dos lançamentos recentes mais dignos de leitura é a terceira edição, ampliada, da antologia “O marxismo na América Latina”, organizada pelo importante pensador brasileiro, radicado na França, Michael Löwy, publicação da Editora Fundação Perseu Abramo. São dezenas de textos de militantes marxistas latino-americanos a partir de 1909, incluindo de José Carlos Mariátegui até Ruy Mauro Marini, passando por Patrícia Galvão (Pagu). Acompanhamos as forças e as fraquezas dessa corrente progressista, nem sempre sábia, mas sempre com férrea vontade de melhorar a vida dos seres humanos. Ainda tendo como tema o marxismo, foi lançado pela José Luís e Rosa Sundermann o livreto “Lenin – últimos escritos e Diário das secretárias”, todos os textos escritos pelo líder bolchevique depois do derrame que o acometeu em 1922, inclusive o apelo que fez a seus companheiros para que Stalin fosse afastado do cargo de secretário-geral.
Passando das discussões teóricas do marxismo para as discussões práticas da realidade brasileira, temos o livro da jornalista argentina radicada no Brasil Teresa Montero Otondo, que trabalhou em “O Estado de S. Paulo” e na TV Cultura, “Televisão pública – Para quem e para quê?”, um completo levantamento não só sobre a necessária distinção entre “TV pública”, de um lado, e “TV estatal” e “TV governamental”, de outro, como sobre as mais importantes experiências nesse campo em todo o mundo. Aos que dizem, com alguma razão, que esse tipo de discussão muitas vezes anda um tanto defasado, diante da democratização e do multilateralismo da informação pela Internet, Teresa Montero Otondo responde que, concretamente, no Brasil, o tema da TV pública será crucial pelo menos durante os próximos dez anos. E dez anos, na atual situação da mídia no Brasil, é muito tempo, com muita desinformação a ser combatida. A edição é da Anna Blume.
Já sempre atuais são os temas do trabalhismo e do desenvolvimentismo, debatidos em “A era Vargas – Desenvolvimentismo, economia e sociedade”, doze artigos organizados por Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezar Dutra Fonseca, lançamento da Editora Unesp. A apresentação diz que, “se é verdade que a ação pessoal não é o motor da história, em certas ocasiões, sobretudo em momentos de crise de modelo, a ação política assume papel crucial para encaminhar soluções emergenciais e rotas estratégicas para o desenvolvimento nacional” – precisamente a situação em que nos encontramos agora, no Brasil e no mundo.
E, nesse tempo de eleições presidenciais americanas, convém estudar com cuidado o livro “Os Estados Unidos no desconcerto do mundo”, também publicação da Editora Unesp, em que Sebastião C. Velasco e Cruz discute “os novos dilemas da diplomacia norte-americana e os aspectos que indicam a manutenção, por Barack Obama, da mesma orientação estratégica encampada por seu antecessor, George W. Bush” e que tudo indica que não vai mudar, seja reeleito Obama ou seja escolhido Mitt Romney.
Como o passado recente pesa sobre o futuro da liderança dos Estados Unidos, o passado mais remoto pesa ainda hoje sobre todo o mundo ibérico, seja na Europa, seja nas Américas ou em quaisquer outras regiões, como mostram os perto de trinta ensaios reunidos num livraço de 670 páginas, “Raízes do privilégio – mobilidade social no mundo ibérico do Antigo Regime”, organizado por Rodrigo Bentes Monteiro, Daniela Buono Calainho, Bruno Feitler e Jorge Flores, para a Civilização Brasileira.
O passado da escravidão também pesa até hoje sobre os ombros da grande maioria dos brasileiros, pois a questão da integração dos descendentes dos libertos em 1888 até hoje não está plenamente resolvida. Se pode buscar inspiração no livro “Experiências de emancipação – biografias, instituições e movimentos sociais no pós-abolição (1890-1980)”, treze artigos organizados, para a Selo Negro Edições por Flávio Gomes e Petrônio Domingues.
E o consagrado pensador brasileiro Vladimir Safatle inverteu uma ironia do filósofo marxista húngaro György Lukács, que dizia que os pensadores da Escola de Frankfurt, como Thomas Adorno, viviam confortavelmente no Grande Hotel Abismo, isto é, discutiam comodamente, sem apontar saídas, o caos do capitalismo sem peias. Pois Safatle deu o nome de “Grande Hotel Abismo – Por uma reconstrução da teoria do reconhecimento”, em que procura “não ter medo de ir onde não encontramos mais as luzes projetadas por nossa própria imagem”. A edição é da Martins Fontes.
Em suma, todos livros de literatura exigente, porém muito proveitosa.
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Eduardo Galeano: Marx e sua relação com o capital http://www.aldeiagaulesa.net/2013/09/eduardo-galeano-marx-e-sua-relacao-com.html#.UjYXWpdoZsE.twitter
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