29 de novembro de 2013

A educação no novo século - 1

Neuropsiedu 1 - A educação do século 21, uma ciência filha de um ultramoderno casamento a três - Está começando a chegar ao Brasil uma nova e revolucionária ciência da educação, a primeira a respeitar ao mesmo tempo os parâmetros das ciências naturais e os das ciências humanas. Ela estabelece, entre outras novidades, que é bobagem (“neuromito”) estimular mais um hemisfério do cérebro do que o outro. Também é bobagem hiperestimular a criança – estimular menos do que o normal é prejudicial, mas estimular mais que o normal não ajuda e até atrapalha. Mais do que isso, prova cientificamente, em laboratório, o que o famoso educador russo Lev Vigotski tinha apenas pressentido, ou seja, que a biologia do cérebro não está “pronta” ao nascer, mas se altera anatomicamente e bioeletricamente conforme a experiência de cada criança. Além disso, as características biológicas variam de pessoa para pessoa. Um adeus definitivo à velha prática de dar uma mesma aula para todos os alunos e ficar nisso. A nova ciência é tão complexa que nem nome certo tem. O nome mais adequado talvez seja Ciência da Mente, do Cérebro e da Educação, uma nova disciplina filha de um casamento a três, entre a Psicologia Educacional (Mente), a Neurociência (Cérebro) e a Educação. Na verdade, o nome em português talvez seja até mais preciso do que o nome em inglês. Afinal, o nome escolhido pela mais famosa especialista na nova temática, a educadora americana radicada no Equador, dra. Tracey Tokuhama-Espinosa – ela mesmo um ícone da ultramoderna globalização, pois é filha de um americano de origem japonesa e de uma americana mestiça de indígena e irlandês, e é casada com um diplomata equatoriano –, é “Mind, Brain and Education Science”. E, lamentavelmente, pode ser erroneamente entendido também como “Mente, Cérebro e Ciência da Educação” (se fosse para dizer isso, falta uma vírgula: “Mind, Brain, and Education Science”). A dra. Tokuhama-Espinosa vai além da metáfora do casamento a três. Diz que se trata de um casamento entre adolescentes, normalmente complicado, mas ainda mais complicado porque já resultou em um filho. Assim, os pais ainda estão em formação enquanto têm de cuidar em conjunto da formação do bebê. Acontece que a Psicologia e a Educação, como disciplinas, têm apenas 125 anos cada uma, enquanto a Neurociência mal tem 25 anos. Compare-se com a Biologia, que tem mil anos, ou com a Filosofia, que tem mais de 2.500 anos, para citar duas ancestrais do casal triplo e de sua primogênita. A nova ciência, assim, terá de desenvolver-se como fusão de três disciplinas que ainda têm de se desenvolver muito antes de chegarem elas mesmas à maturidade.

Nenhum comentário: