2 de dezembro de 2013
A educação no novo século - 4
Neuropsiedu4
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O passo seguinte, na constituição da nova ciência, se refere à sua parte Cérebro, e se deve a cientistas dos séculos 18 e 19 que desenvolveram o que se chama de localizacionismo, a tese segundo a qual cada parte do cérebro está ligada especificamente a uma função determinada. Por exemplo, a linguagem estaria “localizada” no hemisfério esquerdo do cérebro. Assim, se uma parte do cérebro fosse danificada ou destruída, a pessoa perderia a função associada a essa parte. Diz Tracey Tokuhama-Espinosa: “Sabemos agora que isso não é necessariamente verdadeiro”. Ela acrescenta que, nesse período, houve muitos equívocos nas pesquisas sobre o cérebro, como a frenologia, que procurava determinar as características individuais a partir das conformações que o crânio imporia ao cérebro, como as bossas e fissuras (origem remota de expressões como “ela tem a bossa da música”, e, mais remotamente ainda, como “bossa nova”).
A partir da segunda metade do século 19, começaram a ser feitas pesquisas mais precisas que reforçaram o localizacionismo, como as descobertas do francês Louis Broca e do alemão Carl Wernicke sobre áreas do cérebro, que receberam seus nomes, relacionadas à linguagem. Em 1909, o alemão Korbinian Brodmann divulgou um mapa geral de 52 áreas do cérebro ligadas cada uma a uma função. Mas isso é relativo. Broca e Wernicke estabeleceram que 95% dos destros e 70% dos canhotos (ou seja, não é todo mundo) têm duas áreas principais (ou seja, não exclusivas) ligadas à linguagem no hemisfério esquerdo. Em 1911, o espanhol Santiago Cajal y Cajal estabeleceu que a unidade fundamental do funcionamento cerebral é o neurônio e que tudo depende das sinapses (ligações) entre neurônios, o que é válido até hoje.
Algumas décadas antes tinha começado um grande debate, que prossegue ainda hoje, sobre se o comportamento depende basicamente da genética de cada um, ou basicamente de sua experiência de vida. Ou seja, na educação se deve dar ênfase à avaliação biológica de cada um, e até interferir nela se for o caso (por exemplo, deve-se ou não aplicar a ritalina), ou se deve dar ênfase a proporcionar a cada um ambiente social, cultural e emocional adequado? O grande pioneiro nesse debate, a partir de 1869, foi o inglês Francis Galton. Já mais para o fim do século 19 Mark Baldwin concebeu o Efeito Baldwin: quando um indivíduo passa por um aprendizado benéfico para a sobrevivência da sua espécie, esse aprendizado é transmitido por genes à geração seguinte. Ou seja, tanto a genética quanto o ambiente são importantes para o aprendizado – e, é claro, para os educadores.
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