6 de dezembro de 2013

A educação no novo século - 7

Neuropsiedu7 - Nos anos 1970, se desenvolveu a neuropsicologia educacional, mas ainda tendo como enfoque o aprendizado e não, como agora, o ensino. De todo modo foi estabelecida a hipótese dos filtros afetivos, segundo a qual as emoções do educando interferem no aprendizado, o que hoje se estuda a partir de imagens da amígdala cerebral em pleno funcionamento. Foi iniciado o tratamento com ritalina de disfunções cerebrais mínimas que interferem na atenção, como a hipercinestesia. A Associação Nacional de Educação dos EUA e pesquisadores como Michael Gazzaniga, Michael Posner e integrantes da recém-fundada Sociedade de Neurociência do Japão e da Sociedade Australiana de Neurociência passaram a publicar estudos sérios sobre a aplicação da neurociência em educação. Na passagem para os anos 1980 houve um grande avanço com as novas tecnologias que permitiam visualizar imagens do cérebro em pleno funcionamento, por tomografias, estímulos magnéticos e ressonância magnética. Em 1981, O’Dell já especulava que o ensino teria de ser compatível com o funcionamento real do cérebro, tal como estava sendo descoberto. Se isso era visionário então, se tornou norma hoje em dia. Surgiram os influentes livros de Howard Gardner sobre a multiplicidade das inteligências e de Leslie Hart sobre a falta de atenção, pelos educadores, às novas descobertas sobre o cérebro. Segundo ele, ensinar sem levar em conta o funcionamento do cérebro seria como tentar desenhar uma luva sem levar em conta a existência da mão. Já no fim dos anos 1980 começam a confluir os caminhos do conexionismo (um abandono do antigo localizacionismo pela ideia de que as função cerebrais são executadas ao mesmo tempo por diferentes circuitos neuronais), do cognitivismo (abandono do antigo behaviorismo pela medição experimental das atividades cerebrais envolvidas nas funções psíquicas) e do construtivismo (segundo o qual cada um constrói seu conhecimento segundo sua experiência). Com o cognitivismo, mais do que ciência humana, a psicologia buscava se tornar mais próxima das ciências naturais, com um maior grau de exatidão. Mas, tão ou mais decisivos do que os desenvolvimentos da neuropsicologia educacional, foram os desenvolvimentos da neurociência, que nasceu justamente nessa época, sendo uma “disciplina interdisciplinar” que envolvia neurobiologia, psicologia, linguística e até filosofia. Já os anos 1990 assistiram à irrupção de milhares de descobertas específicas (sobre os mecanismos neurais das capacidades matemáticas, de leitura, atenção e memória) e globais (sobre como o cérebro pode aprender melhor). Mas ao mesmo tempo em que surgiam estudos sérios, surgiam também os chamados neuromitos.

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