24 de janeiro de 2014

Experiências com materiais didáticos de História

METODOLOGIA Na primeira etapa desta atividade prática, propomos a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre a política de produção, distribuição e consumo de apostilas e livros didáticos de História. - CALLARI, Cláudia Regina. Os Institutos Históricos: do Patronato de D. Pedro II à construção do Tiradentes. Rev. bras. Hist. [online]. 2001, vol.21, n.40, pp. 59-82. ISSN 1806-9347. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01882001000100004. Este artigo analisa a trajetória do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, observando-os no contexto de sua formação e atuação. A produção do saber e a elite política confundiam-se nos dois momentos, sendo que, durante o Império, a leitura da história reiterava a existência da Monarquia. Após 1889, caberia ao IHGMG a recuperação da Inconfidência Mineira sob o aspecto de modelo republicano fundador da História do Brasil. A produção didática reforçou, nos dois casos, a orientação oferecida pelos Institutos Históricos - ABUD, Katia Maria. Formação da Alma e do Caráter Nacional: Ensino de História na Era Vargas. Rev. bras. Hist. [online]. 1998, vol.18, n.36, pp. 103-114. ISSN 1806-9347. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-01881998000200006. Desde que a História se estruturou como disciplina escolar, a formação e o fortalecimento do sentimento de identidade nacional foi um dos objetivos de seu ensino. A questão da identidade nacional brasileira se colocava com muita força entre intelectuais e educadores brasileiros da primeira metade deste século. Entre estes últimos, os que participaram dos órgãos pú-blicos educacionais procuraram fazer com que a História fosse um veículo para suas idéias, que foram incorporadas pelos programas e pelos manuais escolares. Ao incorporarem tais idéias, os programas da disci-plina e os livros didáticos deram especial importância à formação do povo brasileiro, à integridade territorial e administrativa do Brasil, bem como à unidade cultural do Brasil. - EL-HANI, Charbel Niño; ROQUE, Nádia e ROCHA, Pedro Luís Bernardo da. Livros didáticos de Biologia do Ensino Médio: resultados do PNLEM/2007. Educ. rev. [online]. 2011, vol.27, n.1, pp. 211-240. ISSN 0102-4698. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-46982011000100010. Em 2005, os livros didáticos de Biologia do ensino médio publicados no Brasil foram avaliados, como parte do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM). Neste artigo, relatamos resultados dessa avaliação. Os critérios e o processo de avaliação são apresentados de modo detalhado, bem como os principais problemas das obras não-recomendadas para compra pelo MEC e os principais aspectos positivos das obras recomendadas. Das 18 obras submetidas à avaliação, nove satisfizeram os critérios mínimos de qualidade para aprovação. Sete obras didáticas excluídas apresentaram problemas em todas as classes de critérios de avaliação. Todas as nove obras excluídas exibiram problemas relativos à correção e adequação conceituais, e à precisão da informação básica fornecida. As qualidades mais frequentes nas obras recomendadas diziam respeito à adequação metodológica e à construção do conhecimento. Não encontramos evidências claras de que a frequência de escolha pelos professores do ensino médio refletiu a qualidade dos itens avaliados, conforme estabelecida pela equipe que analisou as obras. - Em seguida, devem-se realizar a seleção e a análise de um livro didático ou de uma apostila de História com base nos seguintes critérios: - Aspecto externo do material: autores – Alexandre Alves, doutor em História Econômica pela USP e pesquisador-colaborador no Departamento de História da Unicamp, e Letícia Fagundes de Oliveira, mestre em História Social pela USP e professora de História no ensino superior. - título – “Conexões com a História – volume 3 – Da expansão imperialista aos dias atuais – Componente curricular: História”. local de publicação – São Paulo. - editora – Moderna. - ano de publicação – 2010. - número de capítulos e páginas – são 4 Unidades, distribuídas em 15 capítulos e 65 temas, em 328 páginas. - tamanho – grande formato (caderno universitário) - letra – a tipologia adotada é bastante legível e variada, com letras em claro, negrito e em cores variadas, com e sem serifa. - projeto gráfico – extremamente bem elaborado, com padrões dignos das melhores revistas semanais do mundo, tornando extremamente agradável a leitura e a visualização das ilustrações - imagens – são extremamente atrativas, incluindo ilustrações e cartazes de época, mapas e gráficos, muitas vezes bem grandes, sempre coloridos, tudo bastante informativo, como também são bem informativas as fotos, das quais algumas em branco e preta e outras coloridas. - b) Linguagem: O texto é ao mesmo tempo acessível para os alunos a que se destina, do 3.o ano do ensino médio, e exigente em relação a eles, já que são introduzidas, com não muita frequência, palavras e conceitos que os alunos devem pesquisar, seja em dicionários, seja em outras fontes, como os trechos bastante bem escolhidos de obras de pesquisadores consagrados, como o inglês Eric Hobsbawm e a francesa Elizabeth Roudinesco, reproduzidos no livro. - c) Ilustrações: um cuidado especial foi dedicado à edição das imagens, gráficos e mapas, sempre próximos dos textos a que se referem, permitindo ao leitor visualizar a dinâmica da História, de suas mudanças e permanências. - d) Conteúdo; e) Aspectos pedagógico-metodológicos; f) Atividades; - g) Material de apoio ao professor: o material está extremamente bem organizado e segue bem de perto as orientações das Diretrizes e dos Parâmetros Curriculares. Cada Unidade abre com uma introdução e com uma rápida visualização do conteúdo de cada capítulo; o pé da página dupla é uma linha do tempo bastante didática; cada capítulo abre com os objetivos e listas de palavras-chaves e está dividido em temas, os quais incluem não só o texto propriamente dito do livro como também vários “documentos” (trechos de jornais, revistas e livros referentes à época tratada, além de ilustrações e mapas), e ainda “questões” (inclusive de vestibulares ou do Enem) que remetem às partes em que devem ser pesquisadas. Existem diversos tipos de atividades; há um estímulo a debates, por meio de seções sobre “controvérsias” (várias visões sobre a mesma temática) e de “vocabulário histórico” (definições de conceitos), além de remissões para livros e obras de arte (“diálogos com as artes”). Também são sugeridas diferentes “atividades”. Numa visão geral, porém (não li o livro inteiro), parece não haver uma discussão sobre os critérios de avaliação. - Para finalizar, propomos a reflexão sobre as possibilidades e os desafios da utilização de apostilas e livros didáticos de História em sala de aula e a elaboração de um texto dissertativo com, no mínimo, uma lauda, cujo tema é este: “A utilização de livros didáticos e apostilas de História em sala de aula: possibilidades e desafios”. - Aos 70 anos, cursei o primário e o secundário de 1949 a 1959, em escolas públicas, consideradas então de alta qualidade, nos bairros paulistanos de Pinheiros, na Zona Oeste, e da Mooca, na Zona Leste. Me lembro que no primário, além de História do Brasil (não me lembro de no primário ter sido mencionada a então chamada História Geral), estudávamos também nos livros didáticos o Estado e o município, pois me recordo com perfeição de que tínhamos de reproduzir os mapas estadual e municipal constantes dos livros. Pelo que me lembro, no entanto, nós, alunos do primário, nos limitávamos a reproduzir e a devolver os conteúdos que nos eram fornecidos. Em suma, tínhamos de decorar as lições dos livros, além das anotações que fazíamos durante as exposições da professora, estas em geral baseadas nos próprios livros, para responder as questões das provas mensais e exames de meio e de fim de ano. No ginásio, correspondente na época à segunda parte do atual fundamental, o aproveitamento dos livros didáticos já foi melhor. Os professores faziam exposições diferentes do que constava nos livros, e as aulas e as leituras se enriqueciam mutuamente. Além disso, muitos alunos já se dispunham a ler livros que hoje seriam considerados paradidáticos, como o de Monteiro Lobato em que Dona Benta conta a História do Mundo e o de Érico Veríssimo que conta a história de Tibicuera, um índio imortal, desde seu nascimento antes do chamado Descobrimento do Brasil, até o pós-Segunda Guerra, período em que o índio era um cidadão que andava de carro pelas ruas de uma grande cidade brasileira. Embora no ginásio ainda tivéssemos nas provas e exames de responder a perguntas elaboradas a partir de textos de livros didáticos e de anotações que fazíamos a partir das exposições dos professores durante as aulas, ou seja, a partir de textos decorados, também éramos estimulados a fazer pesquisas em outros materiais, muito particularmente enciclopédias, sobre temas como, por exemplo, o nazismo. O mais interessante, porém, é que cada aluno podia escolher o tema de seu trabalho de pesquisa, desde que estivesse incluído nos “pontos”. Que eram esses “pontos”? Eram uns vinte temas, arranjados em ordem cronológica em que deviam ser dadas as aulas durante todo o ano letivo, e que, na hora dos exames (inclusive dos vestibulares), eram sorteados, sendo um deles escolhido, pelo sorteio, como tema das perguntas (no ginásio) e das dissertações (no colégio, ou seja, no que hoje é o ensino médio), além de tema de perguntas e de exposições que tínhamos de responder ou de fazer nos temidos exames orais, de saudosa memória. No colégio, as coisas eram mais elaboradas. Me lembro que nas aulas foram mencionados temas que não constavam dos livros didáticos. Por exemplo, a propósito da Revolução Industrial, a professora nos chamou a atenção para o fato de que o relógio, inventado para ajudar os seres humanos, se tinha tornado algo independente das pessoas e que comandava rigidamente, e mesmo tiranicamente, o seu cotidiano. Também, a propósito do fim da Segunda Guerra Mundial e da angústia diante da possibilidade de aniquilação da espécie humana pela guerra atômica, essa mesma professora nos mencionou o livro “O suicídio”, do escritor francês Albert Camus, que prega, como solução para os problemas insolúveis da humanidade, o suicídio em massa de todos os seres humanos. Como, no colégio, as provas e exames eram dissertações, éramos estimulados a procurar outras fontes além dos livros didáticos. Da minha experiência com livros didáticos (ainda não fiz o estágio, pois durante meses me foi dito que no meu caso não era necessário e só este agosto me foi comunicado que eu tenho de completar 400 horas de estágio), concluo que eles são necessários, mas não são suficientes. Quanto mais eles despertarem a curiosidade para aprender mais sobre cada tema, melhor. Depois de ter feito este trabalho, já tendo avançado no estágio, cheguei à conclusão de que o material didático disponível é muito adequado para alunos e alunas mais próximos do nível cultural da classe média alta brasileira, mas não desperta interesse entre alunos e alunas de outros universos cultural, como é o caso da grande maioria nas escolas públicas atuais.

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