Em artigo na revista australiana Links, da organização esquerdista do mesmo nome, em inglês em http://links.org.au/node/1738>, os pesquisadores sulafricanos Ashwin Desai e Goolam Vahed concluem que a África em geral e a África do Sul em particular não estão sendo beneficiadas pela Copa do Mundo. Dizem eles, notadamente:
"O marketing da Copa do Mundo como um evento africano fez aumentar a pressão sobre os organizadores para 'outorgar' não apenas miríades de benefícios prometidos aos sulafricanos, mas também cumprir as expectativas dos países africanos. Entretanto, a economia política do futebol torna difícil realizar um evento 'africano'. O 'modelo' de Copa do Mundo da Fifa (...) permite que ela ganhe uma fortuna a partir dos direitos de televisão, publicidade e vendas de produtos licenciados.
"A África do Sul precisa financiar estádios no 'estado da arte', hospedagem de padrão mundial e desenvolvimentos infraestruturais relacionados. Isso foi um desafio para um país assombrado pela crescente desigualdade e por dificuldades fiscais. O coeficiente Gini, que mede a desigualdade da distribuição de riqueza, subiu de 0,62 em 1992 para 0,77 em 2001. Segundo a Pesquisa de 2005/06 sobre Renda e Gastos, os 10por cento de lares mais ricos na África do Sul receberam mais da metade da renda disponível; os 40 por cento mais pobres, menos de 7 por cento; e os 20 por cento mais pobres, menos de 1,5 por cento. O cidadão negro médio estava ganhando um oitavo de sua contraparte branca, segundo uma pesquisa do Instituto para Justiça e Reconciliação em janeiro de 2008. A desigualdade subiu de 0,60 em 2006 para 0,62, numa escala de zero a 1, na qual 1 representa a desigualdade absoluta".
A conclusão geral é de que os investimentos na Copa beneficiaram muito mais a Fifa do que a África do Sul e de que o próprio futebol africano não vai sair melhor da Copa do que estava sem a Copa.
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