31 de março de 2011

Saul Bellow e seu romance preferido

Há tempo a revista Carta Capital me encomendou a seguinte nota:

O preferido de


Saul Bellow



Mais de meio século depois de seu lançamento original em 1959, sai finalmente no Brasil o romance de maior sucesso nos EUA, e o preferido do próprio autor, de Saul Bellow (1915-2005), americano nascido no Canadá filho de judeus russos, Nobel de 1976. Trata-se de “Henderson, o Rei da Chuva”, em bem cuidada tradução de José Geraldo Couto, pela Companhia das Letras. Para o leitor brasileiro, mais próximo dos deserdados da terra do que o leitor americano, o livro pode chocar pela facilidade com que o personagem-título, um típico americano rico, um tanto brusco de maneiras, um tanto superficial e grosseiro, um tanto infeliz com o vazio existencial de sua vida, se torna candidato a rei de uma tribo africana, por suas façanhas de “civilizado”. Para o leitor americano, são fascinantes os debates do prático Henderson com o filosófico rei africano educado no Ocidente, e o romance nos EUA foi consagrado pelo misto de humor, aventura e profundidade. A notar, entretanto, que o rei africano só é apresentado como influente no aperfeiçoamento comportamental de Henderson por ser, afinal, um africano formado no Ocidente. É o livro de um virtuose da prosa, misto de entretenimento e de alta vulgarização filosófica. Não fica claro, entretanto, se Bellow jamais conversou pessoalmente com um “nativo” na África. – RENATO POMPEU

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