29 de maio de 2013

Habermas e a Europa

Resenha encomendada pela revista Carta Capital: Abstrações generosas: Habermas e a Europa - Em “Sobre a Constituição da Europa”, livro lançado simultaneamente em dezenas de países, no Brasil pela Editora Unesp, o filósofo alemão Jürgen Habermas, o atual representante da teoria crítica lançada por Thomas Adorno e Max Horkheimer, se distingue mais uma vez de seus antecessores ao fazer mais proposições positivas do que constatações negativas. Ele discute em geral a crise política que se desatou nas grandes democracias dos países avançados, particularmente diante da incapacidade dos governantes e das instituições de tomarem medidas eficazes para combater a crise econômica que cada vez mais se tem alastrado nos últimos anos. Se isso gerou uma descrença nos políticos e um desinteresse até pela democracia, e na Europa uma revolta contra a unificação continental tal como está concretizada pela União Europeia e por suas decisões draconianas em relação aos países atualmente mais afetados pela crise econômica, Habermas, de um lado, procura resgatar a dignidade humana como fonte dos direitos individuais, e de outro lado procura refletir a respeito da necessária unificação dos povos, não só em escala europeia, mas em escala mundial. Ele quer substituir a comunidade “internacional”, tipo “Estados Unidos da Europa”, pela comunidade “cosmopolita” não só de Estados como também de “cidadãos do mundo”. A pergunta que se pode fazer é: como convencer um casal de trabalhadores gregos que se apresenta às autoridades para entregar seus filhos pequenos que não tem mais condições de sustentar, de que a solução de seus problemas passa pela “juridificação democrática do poder político”, ainda mais proposta por um alemão? – RENATO POMPEU

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